De dentro da história
Maria
Luiza de C.Malina
Muitos
preparativos e expectativa dos filhos para descobrirem qual o melhor presente
para sua mãe querida.
Liliana,
a cabeleireira, trabalha com afinco desde a semana passada. Entre uma conversa
e outra conta com orgulho às clientes, as bravuras da perigosa profissão de seu
filho de 34 anos.
Apenas um instante. Interrompe a conversa. O
secador lhe cai das mãos. Emudece. Seus olhos, então fixos ao espelho, se jogam
em direção a porta. O coração de mãe vai à frente da notícia.
Sacode
os braços da nora estática à porta, que está acompanhada por policiais,
gritando:
—Onde
está meu filho? Onde? Eu sei. Ele morreu. Eu estava falando dele agora mesmo,
eu sei. Eu estava triste hoje pela manhã, sentindo-me mal enquanto dirigia o
carro. Então era isso. Ele já estava morto. Ele estava querendo me avisar.
No mesmo
instante tocou o celular. É o pai que ouviu a reportagem na TV. O desespero foi
total. Indigno de se contar.
O
desespero em chamá-lo foi atordoante a qualquer cliente ou funcionária que lá
estava ou mesmo ao transeunte. O policial Ricardo acabara de falecer em troca
de tiros com assaltantes de carro, em pleno dia.
Qualquer
filme, reportagem ou qualquer palavra para relatar o que aconteceu lá dentro do
pequeno salão, é impossível de ser relatado além do pacto de silêncio das
clientes, onde apenas encontramos força na oração.
Pedi
a Deus que proteja as mães de policiais, Rota, PM, PE, seja qual for. Agradeci
a Deus pelos esclarecimentos deste dia de hoje.
Como
posso dizer = Feliz Dia das Mães = sem me lembrar das mãezinhas que se encontram
no limbo do ideal da profissão de seus filhos policiais. Abraço-as no abraço
dos meus filhos.
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