Tributo velado ao artista
Oswaldo
Romano
Entrei na contra mão, lógico
parei. Dirigia sonolento, felizmente percebi a tempo, manobrei e voltei.
Meu carro é vermelho, todos olham
surpresos quando apareço, o comentário é notado, e eu fico extasiado. Desço,
tiro o cabelo da testa, vejo as garotas formadas, lindas, todas alinhadas.
Gostam da cor, ele é bonito e bom, bom,
bom mesmo.
Pode ser seu. Entre, pise firme,
segure-se na direção, dirija-o com atenção. Fica em consignação, se não achar
bom, bom mesmo, aceito a devolução. As garotas não fazem parte, são todas da
promoção.
Agora, prepare seu coração, pras coisas
que eu vou contar. Ele pode não lhe agradar, mas carro vermelho tem o seu
lugar. Eu vivo pra negociar, me ensinei
a não dizer não, vendo a morte no volante eu respeito o lugar.
E nos sonhos fui sonhando, sua cor
sempre brilhando, mas o mundo foi mudando, e novas cores chegando. As visões se
esclarecendo, eu vi amanhecendo, e o sol
aparecendo.
Este carro é de grife, na estrada pode
matar, mas é diferente com a gente, não posso abusar, quer quisesse ou quer
pudesse dominar o seu rolar.
Pela vida o segurei, querendo entrego a
você, pois vim lá do sertão, onde esse touro dominei.
Não vim para enganar, vim para alegrar,
fique com ele. Vou pegar minha viola, vou cantar noutro lugar.
Na corrida já foi bom, mas um dia eu
parei, não por motivo meu, ou de quem comigo estivesse, foi por qualquer querer
que houvesse.
Porém por necessidade, disparei para a
cidade, se você não concordar, posso não
lhe agradar, não por mim nem por ninguém, espero um dia lhe entregar.
Na estrada ele é bom, espantou muita
boiada, a sua cor ajudou, esparramá-los pela estrada.
Mas no mundo fui rodando, nas rodas do
meu Corcel, vi a morte aproximando, e a
morte e o destino tudo, eu tinha fora do
pensar.
Vou deixar você esperando, vou com Deus
me acompanhando. Prepare o seu coração, vou parar no Campo Santo, vejo a morte
sem chorar, eu preciso descansar.
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