TELEFONEMA
PERTURBADOR
Ledice
Pereira
O relógio marca 14h00min.
Como as horas demoram a
passar... Olho para os ponteiros que parecem ter adormecido.
Estou pronta há uma hora.
Meu coração parece bater
mais descompassado do que nunca.
Como será o nosso
reencontro...
Nesses dez anos não tivemos
notícias um do outro. Eu sabia que ele se casara e fora embora do Brasil, mas
não tinha ideia de que país escolhera.
Ontem, quando o telefone
tocou e vi aquele número tão desconhecido, quase não atendi, pensando ser mais
uma investida de telemarketing, mas quando ouvi aquela voz, não tive dúvida.
Nunca o esqueci.
Percebi que ele também
estava hesitante. Falava pausadamente. Gaguejava até.
Quando me pediu o endereço e
disse que hoje viria me ver, quase caí pra trás.
Precisei me controlar para não
revelar a emoção que tomou conta de mim.
Ele disse que tinha muito a
me falar, a me explicar.
E aqui estou eu, feito uma
adolescente, aguardando impaciente e curiosa a chegada de alguém que tanto amei
no passado e que deixou em mim marcas tão profundas. Nunca mais me relacionei
com ninguém.
Não tenho a menor ideia de
como irei reagir. Estou em pânico!
A campainha tocou. Creio que
vou desmaiar...
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