Onde estará minha tampa?
Ledice
Pereira
─ Não,
não, por favor, não me mande pra outra casa ─ gritou o “tuperware” na hora em que sua dona
demonstrou intensão de enchê-la de bolo para a filha levar.
─ Toda vez que me
mandam pra outro lugar, volto sem minha tampa de estimação! Sem minha tampa,
sinto-me como se estivesse nua.
Mas seu protesto
não foi ouvido e ela, depois de vazia, foi parar naquele armário escuro, ficou
ali esquecida, empilhada junto a uma porção de vidros, potes e outros objetos.
Ali, sentia-se só
e triste. Não conhecia ninguém. Sua tampa devia estar sabe-se lá onde.
Chorou sentida
naquele canto em que se misturavam
vários odores.
Se ao menos
pudesse voltar. Gostava de como sua dona a mantinha acomodada. Dentro daquela
vasilha maior, onde se sentia protegida.
O local era muito
organizado, pote dentro de pote, quadrado com quadrado, redondo com redondo, as
tampas dispostas ao lado.
─ Ah, meu Deus,
quanto tempo ainda durará esta provação? Onde estará minha tampa?
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