A
AULA DE ZUMBA
Ledice Pereira
Levo minha neta, algumas vezes, à academia
onde ela faz aulas de dança.
Outra tarde, parei para observar a aula.
Queria ver como ela se saía.
Meu olhar foi atraído por um collant rosa
shock, cuja dona fazia de tudo pra se sobressair, chamando a atenção do jovem
professor.
Minha neta já me dissera que o professor era
um gato.
Passei a prestar atenção na tal figura.
A princípio pensei tratar-se de uma garota,
mas ao notá-la mais de perto vi que se tratava de uma mulher de meia idade.
Cabelo preto em rabo de cavalo, maquiagem
exagerada e batom vermelho cereja, deixavam-na caricata demais.
Portava-se como uma jovenzinha.
Eu diria que teria idade para ser avó do
professor que, educadamente, dava-lhe atenção.
Dava gritinhos, falava alto e tentava rebolar
mais do que o ritmo pedia.
O jovem procurava corrigir os exageros da tal
periguete, mas ela parecia não perceber que estava sendo ridícula, arrancando
alguns risos e olhares maldosos trocados entre os alunos.
Num dado momento, em que todos deveriam girar
levemente, vi que ela se estatelava no chão, torcendo o tornozelo.
Seus gemidos, tão exagerados quanto ela,
foram ouvidos até a recepção.
Levada à enfermaria, foi prontamente atendida
pelos paramédicos de plantão.
O professor interrompeu a aula por alguns
minutos para saber como estaria a aluna. Soube por seu neto, que ali fazia
aulas de natação, que a avó havia sido levada por seu pai, para o pronto socorro
do hospital mais próximo.
─ Eu bem que falei pra ela ir devagar, mas
ela disse que eu não sabia de nada. Que ela estava em plena forma! ─ ele
contou.
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