Papeis trocados - Fernando Braga


Papeis trocados
Fernando Braga

Jurandir e Ernesto tinham sido colegas de faculdade, eram muito amigos, saiam frequentemente juntos para festas, assistir futebol, frequentava, um a casa do outro, e eram conhecidos pelos familiares. Ernesto e Marília, após um namoro de três anos ficaram noivos, gostavam muito um do outro e já haviam feito planos para o casamento. Jurandir, havia conhecido recentemente Amanda e começaram um namoro, que parecia, iria vingar, pela ¨paixonite¨ de ambos. Jurandir conhecia bastante Marilia, namorada de Ernesto e logo quis apresenta-los Amanda, sua nova conquista, pela qual sentia-se muito atraído e mesmo apaixonado. Saíram os quatro no carro de Jurandir, para jantar, beber, dançar, divertir.

Amanda era uma morena muito bonita, de corpo bem feito,  cabelos longos, estatura média, boca pequena, com lábios carnosos, dentes alvos e perfeitos, sorriso marcante, simpática, comunicativa e insinuante até. Marilia era mais quietinha, acomodada e muito graciosa, porém, perto de Amanda ficava um pouco a dever. Por outro lado, Ernesto era um pouco mais alto que Jurandir, fisicamente um pouco melhor, mais risonho, falante, mais desenvolto, demonstrando muita confiança em si. Jantaram bem, beberam vinho, dançaram, cada um com o seu par e terminaram a noite alegres, satisfeitos, prometendo saírem outras vezes. Após um mês, combinaram de sair e foram ao mesmo lugar, um restaurante conhecido, com música ao vivo. A conversa entre eles era bem animada e Amanda com seu sorriso marcante, era a mais proeminente. Ernesto, mais frequentemente dirigia-se a Amanda, ficando a namorada um pouco deslocada e assim, Jurandir conversava mais com Marilia. Após algum tempo, começou a haver algum ciúme por parte de Marilia e mesmo de Jurandir, evidentemente. Jurandir sentia que sua namorada estava fazendo um pouco de charme para Ernesto. Após o jantar, onde todos beberam muito vinho, Marília logo tirou seu noivo para dançar e ficaram longo tempo abraçados, de rostos colados, dançando músicas da década de sessenta e setenta. Voltaram à mesa, tomaram mais vinho e foi quando Jurandir sugeriu, que invertessem os pares. Constrangidos, todos aceitaram e saíram para a próxima contradança, onde era tocava a conhecida música cantada por Frank Sinatra, All the way. Amanda ao sair abraçou fortemente seu par e logo após, estavam de rostos colados, como se aquilo fosse o normal. Ao verem isto, os outros dois, também resolveram dançar, cheek to cheek.  Ao voltarem à mesa, tudo parecia normal, mas havia um ar de desconfiança. Amanda, que estava bastante ¨alegre¨ tirou sua sandália e começou a roçar seu pezinho na perna de Ernesto, por baixo da mesa. Este, quase desmaiou de sensação! No fim da noite, Ernesto levou as damas para suas respectivas casas e voltou com Jurandir, deixando-o também em sua casa. Conversaram pouco e se podia perceber que havia algo pairando no ar, alguma quebra na amizade. Nos dias seguintes, Ernesto estava irrequieto, Amanda não saia de sua cabeça, e sentia-se mal em pensar que, se tentasse algo, estaria traindo seu amigo. Relutou muito, mas decidiu dar uma passada na casa de Amanda, pois já conhecia o endereço. Tocou a campainha e logo foi convidado para entrar. Amanda estava só, não esperava pela visita, mas estava na cara que adorara. Tomaram um café e após um pouco mais de conversa fiada, estranha, estavam grudados um no outro. Resolveram decidir o caso contando para seus pares, pares já teoricamente, desfeitos. Marilia e Jurandir, que foram¨ passados para traz¨ resolveram sair, conversar, para matar as mágoas. Saíram outras vezes, outras mais, e perceberam que tinham muita coisa em comum. Tornaram-se namorados, noivos e finalmente após um ano, resolveram se casar. O casamento na igreja foi muito bonito e depois foram para a festa, grandiosa, concorrida, animada, para a qual, fizeram questão de convidar Ernesto e Amanda, de certa maneira para mostrar a eles, que não fariam falta em suas vidas. Encontraram somente Ernesto, que estava sozinho. Este cumprimentou os noivos muito acanhado, ressabiado e quando perguntado sobre Amanda, disse que o namoro durara apenas três meses. Amanda havia encontrado o filho de um grande industrial e estava prestes a se casar com ele. Jurandir e Marília, que agora se amavam muito, de verdade, sentiram-se completados um com o outro e agradecidos a Amanda, que provocara toda aquela mudança, que veio para o bem. 

Quanto a Ernesto, Marilia dizia sem ressentimentos: azar dele! A amizade, realmente, parou por aí.


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