MILAGRE!
Mario Augusto
Machado Pinto
Após tantos anos do
acidente, tendo aprendido tanta coisa trabalhando no hospital, tendo a ajuda
desinteressada e constante da Francisca, sinto-me muito bem fisicamente. É
resultado da constância e da enorme dedicação aos exercícios; pouco a pouco
está voltando minha memória, mas não digo a ninguém apesar do grande progresso.
Na verdade começou
quando por acaso vi uma foto numa antiga folha de jornal que embrulhava um
estetoscópio e uma seringa, dessas de 1mg usadas por diabéticos.
Ao ver a foto uma das
figuras me chamou atenção. Ao vê-la, um raio de luz iluminou minha visão
desdobrando sombras que se movimentavam como marionetes batendo meu cérebro com
uma marreta produzindo sons ensurdecedores, provocando dores lancinantes. Perdi
os sentidos momentaneamente; acordei caído no chão frio e úmido da sala. Fui
rapidamente para meu quartinho, minha casa.
Deitei-me, olhei as
paredes brancas e nuas. A figura que se projetava como marionete dizia - olhe
bem, sou eu, seu chefe, lembra? -Não, não me lembro. Passei meses de esforço
para me lembrar. Consegui melhorar no dia em que cuidava de um novo paciente.
Ajeitando seu travesseiro fiquei bem próximo do seu rosto e ele falou:
– T-10, que coincidência! Como vai? O que faz aqui? Sou o Timor! Lembra?
– Que estória é essa de T-10, Timor? Não gosto de brincadeiras! -
Perturbado, chamei um colega enfermeiro para cuidar desse Timor.
– T-10, que coincidência! Como vai? O que faz aqui? Sou o Timor! Lembra?
– Que estória é essa de T-10, Timor? Não gosto de brincadeiras! -
Perturbado, chamei um colega enfermeiro para cuidar desse Timor.
Deitado, à noite,
lembrei: era da turma do “T”. “T-10”? . Estava rodeado por gente escura
falando; eu não entendia... Mas, estava ali fazendo o quê?
Aos poucos fui
resolvendo o enigma. Cada vez ficava mais surpreso com as revelações. Aguentar
não comentar com a Francisca foi um suplício.
Sabendo onde ir
procurar mais fatos, localizei a fonte que poderia me esclarecer,
arrumei minhas coisas, deixei um bilhete para a Francisca dizendo do que fiquei
lembrado, agradeci a ajuda recebida e que voltaria para contar tudo para ela.
Fui, e nisso passei
dois anos procurando. As vezes encontrando documentos com dados que poderiam
ajudar. Já sabia quem era, o que fiz, o por que, o que deveria fazer, mas antes de mais nada
queria contar para a Francisca.
Voltei ao hospital,
fui à Secretaria procurando por ela; informaram ela tinha deixado o hospital quando
fui embora. Ninguém sabia para onde ele foi, mas parece ter tomado os véus.
Nossa! Que
loucura! Fiquei com a barra suja!
Agora é trabalho para,
durante as férias do Horácio, o Agente “T” do Serviço Nacional de Informações,
encontrar o convento da Francisca.
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