O PALÁCIO DA RAINHA DE FLEMBERG - Oswaldo Romano



O PALÁCIO DA RAINHA DE FLEMBERG
Oswaldo Romano                                           

                           
        A sala de jantar imperial da rainha Annie de Flemberg, tem sua imponência firmada na beleza das suas revestidas paredes, e suas sancas com relevo floral, enobrece o teto. O lustre chama a atenção, se destaca com multilampadas e pingentes de cristal de Praga.

        A rainha exigiu uma perfeita apresentação, nos mínimos detalhes. Os móveis foram fabricados pelos artesões que escolheram o melhor cerne existente na F. Léger Geanselme Pére & Fils.

        O aparador emoldurado com delicados entalhes, recebeu espelho trabalhado a bizel. Na mesa oval estavam reunidos personalidades do Imperio. Embora acostumados com tanto snobe, ali, ficavam extasiados.

        A rainha Anne orgulhava-se da sua decoração. Desfilava entre as cadeiras, apoiando-se nos altos espaldares. Suas porcelanas, gabava-se, eram oriundas da Dinastia Ming, época do Imperador Yongle, que adorava fazer permutas com os Tibetianos, parceiros para o fabrico de suas preciosidades.      O jantar transcorria calmo enquanto parte dos convidados, de sorrate, analisavam aquelas relíquias. Um mais afoito, encantado com a filigrana do suplá, observava os seus detalhes, segurando-o nas mãos. O maitre que debruçando-se para apanhar uma jarra, descuidado, tocou-lhe no braço, aconteceu o indesejável. O suplá balançou entre suas mãos, e acabando o equilíbrio  foi ao chão.

        O Doutor Gredim, sentado ao lado, colecionador das relíquias da Dinastia Ming, abaixou-se desesperado colhendo parte da louça. Justo nela estava a logomarca. Observava surpreso. Era uma peça falsa.   Levantou os olhos direto para a rainha Anne. Ela trêmula, acompanhando seus movimentos, numa atitude receosa suspirou, fechou os olhos, e ao abri-los, recebeu do Doutor Gredim uma disfarçada e simpática piscada.


        Dando o acidente por superado, continuaram o jantar.

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