ILHA MAURITIUS
Maria
Luiza C.Malina
Nas
encostas do sonho, acorrentado, ele espreita e aguarda a chegada dos planos de
Andréa, na mudez da noite, entrecortada pelo sibilar dos insetos.
Observa
atento a qualquer ruído, a qualquer movimento, a qualquer aceleração de sua
respiração em uníssono com a de Andréa, que se aproxima. Seguem abraçados,
apoiados à sombra que a lua provoca. O capitão do mato, se acordado estivesse,
não o identificaria. Era tão escuro quanto a noite.
O
pequeno barco os aguarda. Pequeno demais para as ondas do oceano que enfrentará.
A coragem abraça o grande amor proibido entre duas raças. O destino sem
fronteiras, jamais os proibirá, jamais interromperá
a jornada.
A
ilha em destino lhes oferece tudo o que um grande amor necessita. Esconder-se
por debaixo da grande cascata, em meio ao mar. Por lá viver eternamente, sem esconder
a paixão.
A
chegada à misteriosa ilha ou da cachoeira em forma de véu de noiva, jamais
encontrada, o faz retornar com o naufrágio do barco, e os gritos de Andréa por
socorro.
Acorda
de seu sonho. As botas, o empurram para mais um dia de açoite.
Olha
para o infinito. Vislumbra o rosto de Andréa enclausurado pelas grades nas
janelas da discriminação. Rolam lágrimas de amor e esperança, que, alcançam seu
rosto pelas gotas do orvalho da manhã.
Mais
um dia. Mais um novo sonho para a libertação das amarras que estão apenas
dentro de si.
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