LAGARTIXA
NO CLUBE AP
Mario Augusto Machado Pinto
Há muitas luas que estou aqui. Foi uma
longa e desconfortável viagem de navio e caminhão. Não passei necessidades
porque meu avô é escolado e sabe onde e como encontrar as coisas. Fui companhia
para meu avô que quis de todo jeito mudar de ambiente.
Meu avô gritou:
—
Pula, pula! Pula pro chão!
Fui, e desde então estou aqui morando
numa moita de plantas que ele disse que se chamam lavanda. Ele também morou na
moita até que me disse que eu já podia morar sozinho (com minha namorada) e que
ele ia se mudar, e sem mais essa e aquela foi embora. Só disse:
— Um
dia nos veremos!
Pra vocês me conhecerem, olha eu aí.
Bonitão, hein?
As pintas vermelhas são parte da minha
pele de festa. Vou jantar com minha namorada. Está difícil ir à casa dela: há
muito espaço aberto que me deixa desprotegido. Quer ver? Olha aí, tá vazio, mas
se de repente vem uns pés por alí...É o fim!
É aqui que eu encontro muita comida. Sempre
atento aos pés que correm.
Já troquei de cauda três vezes.
Tão vendo
aquela gravata amarela? Pois ao lado dela fica a moita com as plantas lavanda
de cheiro gostoso. Tão vendo? É campo aberto. Tenho que correr muito. Agora não
está dando: tem duas mulheres ali. Já
imaginou os gritos delas se eu passar por perto?
Agora elas estão indo embora e eu vou correr até a
moita da lavanda. Lembra? É ali perto da gravata amarela. Cheirinho bom!!!
Bem, acho que vou chegando.
Tchau, vou alegrar a noite do meu Bem.
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