O suco de cagaita
Ledice Pereira
Ledice Pereira
Aqueles
desbravadores queriam deixar seus nomes marcados na História do país.
Seriam
lembrados por seus feitos, custasse o que custasse. Não importava os meios que
usassem. Os fins estariam justificados.
Montados
em seus imponentes cavalos, cantil a tiracolo, cuias nas mochilas, armados de
facões e punhais com os quais abririam caminho, embrenharam-se mata a dentro. O
objetivo era descobrir novas terras, encontrar tribos indígenas que ali habitassem,
catalogar plantas e árvores e levar civilizações para aquelas regiões afastadas.
Partiam, em geral, em número de sete ou oito
para que um ajudasse o outro, em caso de ataque de índios ou de animais selvagens.
Iam abrindo clareiras perto de algum riacho, onde montavam barracas, que os
abrigavam enquanto ali permanecessem.
Zeca,
um rapaz meio atrapalhado, que vivia só, havia insistido tanto que acabaram por
levá-lo. Quem sabe ele serviria para preparar um chá, ou café e até uma sopa à
noite.
Alguns
dos cavalos iam carregados de comestíveis fáceis de preparar.
À
noite, a temperatura na mata costumava cair e uma fogueira era necessária para
aquecê-los enquanto preparavam batatas assadas e pedaços de carne de porco
salgada.
Colocaram
o pobre Zeca para acender o fogo, mas o rapaz teve muita dificuldade para
realizar a tarefa, sem contar que, ao conseguir, quase incendiou uma das
barracas já armadas.
Começaram
a se perguntar se teria valido a pena levá-lo com eles cedendo aos seus apelos.
O
grupo estava exausto e após alimentar-se resolveu recolher-se, cada um, à sua
barraca.
Zeca,
encarregado de preparar a refeição matinal, brindou-os com um suco natural
feito com cagaita, uma fruta nativa que colheu ali mesmo, perto do acampamento.
Todos
se deliciaram com o suco e belos pedaços de bolo que haviam levado.
O que ninguém sabia é que a tal frutinha tinha
um efeito laxante o que impediu a todos de trabalharem naquele dia como haviam
programado.
A
maioria passou o dia correndo do mato para o riacho.
Na
manhã seguinte, destituíram Zeca da função de preparador de desjejum e, antes
que algo mais grave acontecesse, resolveram mandá-lo de volta ao vilarejo com a
ajuda de um nativo que para lá se dirigia.
Olá Ledice,
ResponderExcluirMuito alegre o seu conto. Pois é ! A maioria das pessoas não conhece os poderes da frutinha amarela cujo nome já dá a pista dos efeitos !