A CORRENTEZA
Sérgio
Dalla Vecchia
Sentado
na areia da praia, observava estático o movimento das ondas. Os pensamentos
brancos como a espuma viajavam para o nada.
Naquele
momento o mar brindava comigo, oferecia-me taças de espumante, servidas pelas
ondas na arrebentação.
Enquanto
degustava olhando pela taça translúcida da imaginação, revivi os erros da vida
e almejei acertos vindouros.
O
implacável sol castigava minhas costas desnudas, pássaros plainavam ascendentes
nas correntes de ar quente.
O horizonte
se mostrava logo ali. Vez ou outra um pesqueiro em movimento o cortinava por
instantes.
A
paz era real, até que surgiu uma moça em um Stand Up logo após a arrebentação.
Parecia que não saia do lugar. Os movimentos das remadas eram visíveis, mas a
prancha não avançava. Percebia-se o desespero da moça, bem como o despreparo
para a navegação. Não usava colete salva vidas e remava contra a maré.
Dificilmente
sairia daquela posição, mas insistia.
Foi
quando exausta caiu sentada na prancha.
Naquele
momento levantei-me e fui correndo em sua direção. Não havia mais ninguém,
apenas eu. Ela me avistou e balançou os braços.
Entrei
no mar até a cintura e a orientei para que mudasse a rota e viesse em minha
direção.
Deu
certo, ela começou a vir. Quase emborcou algumas vezes ao transpor a
arrebentação, mas avançava.
Finalmente
chegou até mim e exausta me abraçou freneticamente.
Enquanto
ela descansava em meus braços eu a acalmava com palavras de conforto.
Aos
poucos sentia a respiração e o bater do seu coração relaxarem.
Percebi
que aquele abraço não buscava mais socorro e sim amor. Era justamente que pedi
a Netuno.
Nunca mais nos desgrudamos.
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