A
VERDADE DE UM PESCADOR
Oswaldo Romano
No baixão
da serra, corre o histórico Rio Tietê, na época, paraíso dos pescadores.
Pescaria estava sempre ligada a uma boa cachaça. Lá moleque desmamado
bebericava, assim como as avós de cócoras pitavam em cachimbo de barro. Coisa
que não faltava na região era ela, a marvada.
Certa vez, numa pescaria, notamos um
amigo que se distanciou do grupo. Um silêncio profundo tomava conta da
escuridão e só se ouvia o coaxar dos sapos, rãs, cricri dos grilos e,
naturalmente, o barulho das chumbadas quando lançadas na água.
Assim, um ou outro se afastava
procurando um poço piscoso, o que não era aconselhável devido a cobras e outros
perigos.
Mas o Alcides afastou-se. Quando
voltou, questionado, floreou que não havia percebido ter sentado, em vez de
numa pedra, no casco de um cagado!
Contou
que mais em baixo o rio estava piscoso. Realmente no seu balde o chacoalhar das
águas mostrava uma profusão de peixes. Alguns amigos, mal acreditando rodeavam
seu sucesso e admirados com tantos elogiavam a tamanha sorte.
Eu
fazia ponto próximo e continuava tentando pegar os meus. Que nada! Quanto a ele
não podia ter se distanciado tão longe, e o rio era o mesmo. Normalmente os
peixes sobem a correnteza para surpreender alimentos que descem. Nem todos
voltam. Era raro fisgarmos, mas ora um, tempos depois outro anunciava: —até que
enfim!
— Pegou? - Alguém perguntava.
A resposta, sempre a mesma:
— Pequeno, tira gosto.
Depois
que os amigos curiosos se afastaram, dele me aproximei:
—Alcides,
eles acreditaram em você. Você varou aquela cerca e entrou no pesqueiro do
vizinho, não foi? Claro que pescou, ele é criador. Além de tudo neste rio não
dá carpa. Está escuro, não viram.
—Cê tem razão, eu
queria me mostrar lá em casa. Não vou levar, não.... Errei feio. Vou voltar e
devolvê-los.
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