GERAÇÕES
DESENCONTRADAS
Luísa Helena R. Alves
Estavam as três amigas na
saída do trabalho, felizes de se encontrarem, após um dia estafante. As três
secretarias executivas, tiveram que ter paciência o dia todo com os pedidos dos
chefes: além das obrigações
propriamente dito, cobravam o cafezinho, a água, a roupa para o tintureiro, o carro na
oficina, o taxi para pegar os filhos na escola, e por ai vai...Que alívio, é
sexta feira, podendo tomar o drink favorito! Dão risadas por qualquer
coisa, discorrem sobre roupas,
namorados, e tudo o que só as mulheres conseguem achar de assunto. Só uma é
casada, mas com alvará às sextas para sair com as amigas.
Eis que entra no bar um homem encapotado, como se o
inverno imperasse na primavera! Olhava procurando mesa, o bar está lotado,
falação ruidosa, localiza uma mesinha vaga junto a mesa das moças. Senta, e
fica olhando-as como quem quer se aproximar. Reparam que é um homem já
maduro querendo aparentar menos idade,
tinge os cabelos, usa óculos ray-ban, gola da camisa levantada e jaqueta de
couro. Chega à mesa a repetição das bebidas que tomavam, olham estranhando o
que não tinham pedido.
— Ofereço de coração, não
querendo forçar a barra ... Barra?
— Que barra? -
Não quero parecer intrometido, só quero levar um ”papo”. Levar o que?
Para onde? Cochicham entre elas.
— Se vocês toparem estou com meu ‘’carango” na
porta para levá-las a um lugar
melhor que este è meio “brega’!
— Brega? Que linguagem
estranha, será que ele e de Portugal? Nessa confusão, as mocas olharam os
relógios e dizem “tchau tio, boa noite,
obrigada pelos drinks”. Ele que estava se achando um paquerador com vasta
experiência no ramo, teve que admitir “desenxabido” que a noite havia sido um desastre e, grilado” saiu
“borocoxô” pensando :”não entendo! O que mais querem essas moças?”.
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