O que eu faria se...
José Vicente J. de Camargo
A pergunta me é feita para uma resposta rápida, escrita ou
oral, num desses testes de psicologia que as pessoas fazem para a disputa de
uma vaga em um serviço público ou numa empresa. Creem que com isso vão aumentar
a eficiência de seus funcionários ou garantir uma maior competitividade de seus
produtos.
Procuro pensar na rapidez exigida!
Mas tudo me parece tão vago, sem sentido, longe da realidade
que gosto de ter: palpável, objetiva, realizável. O que ganho com essa
interpretação forçada do meu ser? Ficarei mais rico, mais feliz, bondoso, vil,
viril? São meras hipóteses que o pensamento como um rodamoinho em segundo
desfaz.
Não seria melhor gastar a energia pensante em algo concreto?
Realizável? Que com maior ou menor esforço de minha parte, pode amanhã ou
depois, em um prazo factível, se cumprir?
Nesse empurra – empurra das ideias se embolando em
conjecturas, sem uma resposta convincente, outras vozes emergem da mente com
perguntas atrevidas:
─ Por que você segue esse rumo desconfortável de pensamento que
dificilmente o levará a uma conclusão satisfatória? Deixe isso para os
eruditos, filósofos, que passam anos a pensar e a pesquisar porque o rabo do
porco é torto ou se os fatos revelados nos sonhos vão acontecer ou é ficção?
Deixe a imaginação criar fantasias que te levem a outras paragens de “faz de
conta”, de “nem tudo que reluz é ouro” ─ como já diz o velho ditado. Faz bem ao
espírito, deixa-lo voar e construir seus castelos de areia...
E nessa disputa da imaginação versus a realidade, o tempo se
escoa, o sino bate, minha resposta é solicitada.
De papel em branco, olhar vago, mas mente borbulhando de
senões se abraçando e se rechaçando respondo via oral:
─ O que faria se... Me obrigassem a pensar rapidamente?
─ “Que hoje é hoje, amanhã é amanhã... Hoje quero esse
emprego, amanhã não sei”...
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