Se
eu tivesse um filho que fosse exatamente igual a mim.
Luísa Helena R. Alves
Quando a olhei no palco, declamando aqueles versos, levei
um susto! É como se estabelecesse uma ligação que pela primeira vez me possui; ela de bebê quase não chorava; é que eu não
lhe dava esse tempo, mal abria os olhinhos me via bem perto dela observando...O
que será que ela quer?
Está com
fome, está com frio? Foi uma criança muito desejada, eu não poderia sequer
pensar na hipótese de perde-la. Tinha acontecido num acidente com a primeira, na
hora do parto então essa segunda-tão amada, era velada dia e noite! Quando cresceu um
pouco, risonha e esperta, acompanhávamos suas gracinhas, embevecidos... Tiramos
mil fotos de todos os seus passos: comendo, falando, correndo, brincando. Tem
uma foto eu e ela, que é igual a ela com a filha hoje. Passaram os anos e cada
vez mais, seu modo de pensar, os gostos o jeito calmo de encarar o mundo, uma
disposição para acolher a todos se identificava com meus valores...
Escolhe a
mesma profissão que a minha mas larga no
fim do primeiro ano, para se dedicar a atuar num teatro de bonecos. Via claro também algumas de minhas
dificuldades espelhadas nela: dificuldade de valorizar o dinheiro, valorizar
primeiro a vontade dos outros do que a sua... Só que hoje, eu é que aprendo com
ela, a simplificar a vida tentando torna-la mais alegre e a pensar de uma
maneira própria, racional e sensível ao mesmo tempo. Vejo afinal que ela me
superou; foi mais longe na grande arte que e a vida!
Vive intensamente cada
momento e escrevendo textos profundos como eu nunca consegui!
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