MEU
VIZINHO É O CARA!
Maria
Luiza Malina
Três
quadros pra lá de contemporâneos - afinal Arte é Arte - disputavam no tamanho e
nas cores frenéticas, a decoração do pequeno refeitório da empresa em que
trabalhávamos.
Todos
os dias era a mesma coisice: todos olhavam as obras e nada diziam. Passadas
umas semanas, o vizinho de mesa - diga-se de passagem que no cotidiano, como
uma carta marcada, todos se sentavam nos mesmos lugares – esse vizinho, com
nenhum senso crítico disse em um bom tom de voz:
-
Detesto estes quadros, são indigestos!
Como
na história do Rei Nu, ouviu-se uma sequência de “eu também não, eu também não”
e alguém ainda tentou remendar o caso dos quadros:
-
Devem ser sobra de algum evento.
-
NÃOOO – chegou o som da lá do fundo – eles são do dono da firma, a esposa é
artista plástica!
-
Ah! Então são lindos! – Retrucou meu vizinho e todos, todos e os todos
consentiram: “em Roma estamos com os romanos”. E, o Rei Nu continuou a desfilar
sem se importar com a indigestão alheia.
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