MEU VIZINHO É O CARA
Sérgio Dalla Vecchia
Certo final de semana uma mudança
aportou em frente ao prédio.
Junto, uma família composta do casal e
três filhos.
A movimentação foi intensa durante o
descarregamento do grande caminhão baú. Dele brotaram geladeira, freezer,
fogão, móveis, inúmeros objetos e utensílios. Ah! Não podia deixar de ter um
pet para ficar perdido conforme dito popular.
Enfim alojaram-se.
Logo na segunda feira encontrei-me com
o vizinho às 6:30h da manhã no elevador. Nós dois íamos para o trabalho.
Sorridente ele me cumprimentou e logo
se desculpou pelos transtornos causados no condomínio. Apresentou-se, já na
garagem nos despedimos e cada um tomou seu rumo.
Daí por diante encontrávamos sempre.
Ora, cedo no elevador, ora na volta do trabalho e assim fomos nos conhecendo
aos poucos. Disso surgiu uma afinidade. Por atitudes, gostos parecidos, por
sermos contemporâneos de formatura, idade, número de filhos e tempo de casados
com a primeira e única esposa.
O tempo foi passando e por tudo que o
conheci comecei a admirá-lo como profissional, como pai de família e pela
pessoa agradável que era.
Aconteceu que de tanto o admirar,
passei a invejá-lo!
Mas como isso pôde acontecer comigo,
que nunca cobicei ninguém?
Certo dia, cansado desse sentimento
negativo, postei-me perante ao espelho. Olhei fixo para minha imagem e
perguntei:
—Espelho, espelho meu, existe alguém no
prédio melhor que eu?
—Pare de se autoflagelar! Se ele em
tudo que faz assemelha-se a você, raciocine e terá a resposta. - Respondeu a
imagem.
Por instantes fechei os olhos!
Foi quando um grande sorriso descerrou
meus lábios e triunfante gritei:
—Esse cara sou
eu!!!
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