O ANJO DAS PISCINAS
Sérgio
Dalla Vecchia
Quando
em 1980 me associei ao Clube AP encontrei um Oásis em meio a Selva de Pedras.
Clube
pequeno, localizado em bairro nobre, onde a maioria dos associados residia nos
arredores.
Os
sócios unidos formavam com suas famílias um conjunto, onde o social, o esporte
e o lazer eram irmãos.
O
Clube era considerado uma extensão das residências do bairro de Altos dos
Pinheiros.
Havia
escolinha para as crianças e equipamentos esportivos suficientes para manter
toda garotada em atividade.
As
piscinas não eram isoladas com cercas e catracas, os usuários eram considerados
saudáveis, onde irmãos, primos e amigos se refrescavam.
No
controle dessa diversão, para sossego dos pais existia ele; O Anjo da Piscina.
Homem
calmo, bondoso e de sorriso discreto cuidava de todas as crianças na área das
piscinas. Olhos atentos observavam, palavras doces acalmavam e mãos fortes
protegiam.
Os
pais, despreocupados, deixavam os filhos aos cuidados eficientes daquele anjo.
Conhecia os nomes de todos de cada família, pais, filhos avós e tantos outros.
Era
comum uma moça ir ao seu encontro cumprimenta-lo, dando-lhe um abraço e um beijo no rosto, demonstrando o
carinho que ele merecia. Era mais uma geração pronta para deixar os filhos aos
cuidados do incansável anjo.
Infelizmente,
como o tempo é implacável, chegou o dia da sua aposentadoria, e ele deixou o
clube para a tristeza de todos.
Passados
alguns anos, minha esposa e eu estávamos na fila do caixa de um mercado, quando
reparamos à nossa frente um senhor de cabelos brancos pagando sua pequena
compra.
Minha
esposa o reconheceu e logo foi ao seu encontro dando-lhe um abraço, que logo foi correspondido com
emoção. Aquela mesma voz calma perguntou dela, de mim e dos nossos três filhos
lembrando o nome de cada um. Emocionado também fui ao seu encontro e o abracei
com ternura.
Conversamos
alegremente relembrando fatos sob olhares curiosos dos fregueses enfileirados.
Assim
logo despediu-se, partindo calmamente levando sua sacolinha de compras.
Seguindo
seu andar vagaroso ele parecia ter se despido da aura de anjo para se tornar
apenas um idoso, referenciado por todos com o cognome de Simonal.
Parabéns Sergio. Muito bem colocado - quem não conheceu o Simonal e sua ternura rompendo barreiras, contra sócios de certos comportamentos que nos constrangiam; dizia ao perceber nossa indignação: "não se preocupem, é boa gente, é assim mesmo"!E, continuava sorrindo.
ResponderExcluirParabéns Sergio. Muito bem colocado - quem não conheceu o Simonal e sua ternura rompendo barreiras, contra sócios de certos comportamentos que nos constrangiam; dizia ao perceber nossa indignação: "não se preocupem, é boa gente, é assim mesmo"!E, continuava sorrindo.
ResponderExcluirEu chorei com o seu texto.... Eu fui uma dessas crianças que o Simonal cuidou. Nunca mais encontrei sorriso assim. Gostaria muito de encontrá-lo. Vc sabe como fazer isso? beijos, Luciana Stabile
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