O retrato na parede. - Fernando Braga


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O retrato na parede.
Fernando Braga

       Meses atrás, um conhecido repórter, ancora da Record, telefonou em minha casa procurando por Sylvia, minha esposa. Sabiam serem parentes distantes, embora não se conhecessem pessoalmente. Estava escrevendo sobre a árvore genealógica da família, originária de pequena localidade italiana, a terra querida de ambos.

       Disse que chegara a um ponto que lhe faltava dados sobre algumas figuras da família trazia algumas fotos antigas, onde não conseguia identificar uns personagens. Minha mulher era uma das sobreviventes, que talvez pudesse lhe fornecer uma ajuda.

       Para tal dispôs-se a vir uma tarde em nossa casa, após ter obtido nosso telefone e endereço com um amigo comum.

       Chegou com sua esposa e um filho, sentou-se ao lado de minha mulher e após se conhecerem pessoalmente, ficou quase duas horas trocando informações sobre vários fatos e componentes da família, a grande maioria já desaparecida. Após o café com bolo, ambos estavam fascinados, trocando ideias, falando sobre o assunto familiar, o que o deixou muito satisfeito, dizendo-se agora mais apto para continuar sua pesquisa, seu livro.

       Mostrou fotos, mais fotos e minha mulher conseguiu identificar uma boa parte delas.

       Após quase três horas de conversa animada, disse:

       - Quero ver ainda, se você consegue identificar de quem é esta foto, pois não faço a menor ideia de quem seja. Seu retrato está pendurado na parede de minha sala e eu o trouxe da antiga residência de meus pais em Jaú. Deve ser alguém querido, para meus pais o terem conservado. Tirei uma foto do retrato com meu celular e veja se identifica quem é. Mostrou então à minha mulher que ao vê-lo sentiu arrepiar o corpo e logo após, soluçando respondeu:


- É o meu pai, Giovani! Ainda moço!

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