A AULA DE HISTÓRIA
Ledice Pereira
Flávio era um garoto que costumava criar histórias. Sua imaginação era ilimitada. Cada aula o transportava para um palco imaginário.
Aluno do sétimo ano do ensino fundamental tinha certa fascinação pelas aulas de História quando seus voos tomavam proporções gigantescas..
Colocava-se no lugar dos personagens descritos e seu pensamento ia longe.
Agora, era um desbravador de terras num barco à vela.
Vestido com roupas de época, acompanhado de grande comitiva, desviava-se da rota das Índias e encontrava-se em terras brasileiras, onde povos primitivos, desconfiados, escondiam-se.
A caravela navegava pelas águas desconhecidas atracando aqui e ali, meio que à deriva.
O professor acordou-o de seu devaneio:
— Flávio, pode repetir o que acabei de explicar?
E Flávio, tentando disfarçar ter sido pego pelo mestre, encarou-o e aos colegas, que se entreolhavam sorrindo, e explicou na maior cara de pau:
— Professor, desculpe, mas o senhor relatou essa história com tanta competência que eu seria incapaz de repeti-la à sua altura. Deixo-lhe o privilégio de continuar nos ensinando da forma que só o senhor sabe fazer.
Não é preciso dizer que teve dois pontos subtraídos da nota de sua prova mensal de História o que não foi suficiente para que ele deixasse o hábito de viajar durante as aulas.
Ao formar-se no ensino médio, Flávio optou por prestar vestibular para Artes Cênicas, visando não só a arte de representar, mas aspirando, sobretudo, ser esse um trampolim para exercer a função de diretor de teatro e de cinema.
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