ACONTECEU COMIGO - Ledice Pereira


ACONTECEU COMIGO
Ledice Pereira

Na minha primeira viagem à Europa eu, eufórica, mal podia acreditar que estivesse ali tão longe, do outro lado do mundo.

Procurava curtir cada momento e extrair o melhor de cada situação.

Chegando a Paris, vindos de Amsterdã, pegamos um táxi no aeroporto, e nos surpreendemos falando, e relembrando, nosso francês aprendido na escola. Foi demais!

Paris era muito mais do que podíamos imaginar. Saímos andando pelas ruas tão simétricas e parávamos diante daqueles monumentos e estruturas tão maravilhosas que nos transportavam para tantos filmes assistidos.

Na nossa primeira manhã no hotel, cujo nome não me recordo,  nos dirigimos para a sala onde tomaríamos nosso café da manhã.

Eram tantas as opções de pães e queijos que eu, sabendo que não conseguiria provar de tudo e tendo uma bolsa de bom tamanho, que se usava à época, resolvi guardar ali alguns queijinhos e pães que seriam muito úteis para nós mais tarde.

Meu marido, com vergonha, me chamou a atenção, mostrando-me que, em uma mesa próxima, algumas pessoas me olhavam.

E eu, achando que seriam brasileiros, dirigi-me a eles sorrindo e gesticulando, ao mesmo tempo em que dizia:

— É pra depois!

Mais uma vez meu marido chamou-me a atenção:

—  Não são brasileiros, você não observou que falam outra língua?

E eu, no meu maior sorriso, olhei novamente para aquelas pessoas e disse:

—  For after!

Naquele momento, tudo que meu marido queria era ver o chão se abrir para ele ali se esconder.

Depois, resolveu contar para nossos amigos arrancando risadas de todos.

Eu não me envergonhei, afinal, quem nunca protagonizou um grande “mico”?

O termo “forafter” passou a ser usado entre os filhos e amigos para designar pequenas transgressões, que costumamos fazer em viagens, guardando alguns acepipes para depois. 


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