SAUDADE DAQUELA CASA
Ledice Pereira
A casa
hoje é o fundo de um restaurante. A frente fica na rua perpendicular.
Curti
muito morar ali. E ainda hoje sinto por aquela casa um carinho nostálgico, talvez
pelas recordações que ela me traz de um período em que tudo são flores.
Lembro-me
de cada detalhe: um sobradinho acanhado com duas salas, muitas vezes transformadas
em salão de baile, onde exercitávamos nossos passos de dança aprendidos nos
filmes da época, cozinha e pequeno
quintal embaixo e três quartos e um banheiro em cima. Era assim que eram construídas as
casas nos anos 60. Não havia suíte.
E
esse banheiro de piso verde e preto ainda faz parte das minhas recordações. Ali
eu enxergava objetos, pessoas, sombras, fantasmas. A cada dia uma nova forma
surgia.
E,
outro dia em que meu marido, por saber do meu afeto ao imóvel, me levou ali
para jantar, fiquei toda emocionada ao voltar no tempo e fiz questão de subir
ao banheiro que permanecia intacto, e onde pude rever as figuras que povoaram a
minha adolescência.
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