A
CÁPSULA DO TEMPO
Sergio Dalla Vecchia
Era um grupo de rapazes inseparáveis.
Certo dia durante um belo churrasco regado a
muita cerveja, no sítio do pai do Thiago, esse grupo já animado pelo efeito do álcool
agindo em seus corpos, resolveu pensar no futuro. E chegada a noite, com a
temperatura mais baixa, lareira acesa, e com as mentes abertas, decidiram que cada
um deveria escrever algo que almejasse para os próximos trinta anos.
Assim, os amigos foram escrevendo os desejos e
os depositando em uma caixa de madeira de lei pertencente ao pai do Thiago,
resistente ao tempo e à umidade. Envolveram-na
com folhas de plástico de tal forma, que ela ficasse estanque.
Escolheram um lugar respeitado por todos do
sitio, que era sob a majestosa copa de um centenário jacarandá. Lá cavaram uma
pequena vala e a enterraram-na.
O tempo foi passando até que chegou o trigésimo
ano, e o grupo voltou a se reunir, como havia sido combinado há trinta anos. A
reunião foi marcada no mesmo sítio que agora pertencia ao Thiago por herança.
Os rapazes já homens feitos com família
constituída e com dois ou três filhos. Trocaram abraços, beberam cerveja como
de costume, e depois foram juntos ao pé
do velho jacarandá.
De mãos dadas formaram um circulo em volta da
caixa, rogaram a Deus que os iluminasse para abri-la e em silêncio ficaram por
algum tempo.
Assim, entreolharam-se, soltaram as mãos e em
consenso resolveram:
Não abriremos esta caixa agora! Esperaremos por
mais trinta anos.
Não havia motivo para abri-la naquele momento,
pois quem desejou melhora na política, nada mudou; quem pensou na família, ela esta
acabando; quem pensou em paz, surgiram mais guerras; quem queria acabar com a fome, ela aumentou.
Entretanto,
aquele que escreveu esperança merece a chance de sucesso daqui mais trinta
anos!
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