Os espinhos de Margareth
M.Luiza
C.Malina
Há
muito que a rainha Margareth colecionava as espécies mais raras de plantas na ensolarada
ilha de Bascais, a residência de verão. Contrasta a altivez com a bondade e o
ciúme, unindo a beleza nos 34 anos com a cultura e dedicação aos súditos.
Nesta
temporada Margareth havia fraturado a perna em virtude de uma queda de montaria
em seu passeio matinal. Conformada, passava os dias entre o jardim das rosas e
o apreciar da amplitude do mar, que a acalmava com o bater das ondas nas
rochas, como a querer contar-lhe algo.
Mathias,
o rodólogo responsável pelos enxertos das rosas aproximou-se. Entusiasmado
apresentou-lhe as novas criações, feitas a pedido do rei. De início não fez
qualquer pergunta, mas estranhou o súbito interesse do marido pelas rosas,
quando Mathias lhe revela.
—
A pedido da Sua Majestade consegui obter o enxerto de Lord Byron com Pretty
Polly que resultou na rosa Lavínia,
conforme a sugestão.
A
rainha olhou com maior interesse o canteiro e, observou novas rosas e,
rapidamente associou o nome a uma hóspede ou aldeã ou mesmo uma serviçal e
perguntou o nome das outras novas rosas.
—
Criei a Sweet Dream, Madame Alfred, Nathalie Nypels, Amber Queen e esta a mais
exuberante, com perfume requintado eu criei para senhora – comunicou com uma
reverência – tomei a liberdade de lhe dar o nome de Margareth M. em sua
homenagem.
Atordoada,
um turbilhão transpassa lhe cortando o cérebro e exclama, segurando-se na
cadeira em gesto a se levantar:
—
Se eu tenho uma rosa com meu nome, quem são as outras mulheres? Por que estes
nomes? Você as conhece? Visitas do rei, o que fizeram? Foram hóspedes? Você as
conheceu? O rei as acompanhava?
Um
tanto constrangido, desculpou-se:
—
Senhora, desculpe o rei chega à ilha apenas com uma de cada vez. Mostra a
estufa e promete que será criada uma nova rosa com o nome da jovem e, ele deixa
o recado escrito, eu não falo com ele apenas cumpro ordens e escuto poucas
coisas.
Ela se cala. Pede uma tesoura e com
dificuldade corta uma a uma resmungando: chega. Não é possível. Um desaforo sem
tamanho. Ele me trai. O que quer mais? Gosta muito desta ilha. Então é isso. É
aqui o refúgio do rei. Vou vasculhar tudo. Algum indício deve ter ficado. Sim.
Todos os meses passa uma semana aqui. Qual será a preferida. Não o perderei.
Farei o necessário. Driblarei a jogada. Usarei a inteligência.
—
Mathias, por favor, desejo que crie uma rosa enxertando a Margareth com a Sweet
Dream e batize-a com o nome de Lord Byron, e não se esqueça de que a fragrância
deverá ser exuberante.
Ele
concordou. Num prazo de 6 meses, durante a visita mensal, o rei percebeu a
fragrância intensa de nova rosa. Pensou em ter-se esquecido de algo. Chamou
Mathias, e este lhe comunicou:
—
Senhor, esta rosa foi uma encomenda discreta da rainha, chama-se Lord Byron.
O
rei mostrando-se surpreso indagou:
—
Uma rosa com nome de homem? Isto não é comum.
—
Bem, Majestade, este foi o pedido da minha rainha.
—
Está bem, apenas uma pergunta, ela veio acompanhada pelo Lord nesta temporada?
—
Não senhor, estava só.
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