A
Velha Figueira.
Sergio Dalla Vecchia
—Acorde, o engenheiro
chegou! Bateu na porta do carro o funcionário da Prefeitura.
Pedro, meio assustado foi acordando de seu cochilo e
respondeu:
— Já?
Ele trabalhava com pavimentação de ruas de uma cidade da grande São Paulo em um Município muito pobre e carente de infra
estrutura.
Ele precisava
fechar as medições dos serviços executados no mês e para tanto necessitava da
conferencia e aprovação do engenheiro fiscal da Prefeitura naquele dia.
Chegou cedo ao local, mas o engenheiro não estava e
iria demorar, pois tinha ido cuidar de uma ocorrência logo de manhã, informou
um funcionário.
Como não havia alternativa e Pedro resolveu ficar
esperando por ali mesmo.
No pátio da Prefeitura havia uma enorme figueira que presenteava a área com uma
grande sombra. Com sorte ele encontrou uma vaga para o seu fusca, bem debaixo da sua copa. Estacionou e começou rever alguns
documentos em sua pasta.
Fazia muito calor, pois era quase meio dia e o vento também
era pouco.
Pedro que sempre tinha crédito de sono parou de ler, reclinou o apertado banco do automóvel e acomodou-se até encontrar uma posição confortável.
Estava com o vidro aberto na esperança de que entrasse uma
brisa refrescante, que fora filtrada
pelas inúmeras folhas frescas da majestosa copa da figueira.
A sensação era de paz! O relaxamento do seu corpo foi
acontecendo aos poucos, e Pedro cochilou!
— Ora, o senhor
não me pediu para avisá-lo quando o homem chegasse? Pois então, entre logo ele esta à sua espera .
Assim Pedro entrou no Departamento de Engenharia da
Prefeitura, resolveu todos os seus assuntos pendentes e saiu satisfeito pela
missão cumprida.
O tempo passou e ele teve que retornar ao local para
resolver outros assuntos.
Pelo caminho veio lembrando-se da sombra mágica da figueira, que tanto o confortou na sua longa
espera.
Enfim ele chegou ao local e se surpreendeu com o que
viu.
Haviam
construído um imponente prédio para a nova sede do Paço Municipal, justamente
na área na qual a arvore existia.
— O que
aconteceu com a velha figueira daqui? Perguntou a um funcionário.
— Infelizmente
ela sofreu uma grande poda e foi transplantada em outro lugar. - respondeu o homem.
— É o progresso! A Prefeitura precisava
aumentar suas instalações e acabamos perdendo a pobre arvore!
— Que ela renasça
e continue em seu novo local encantando com o frescor de sua sombra as pessoas
que nela se aconchegarem. Disse o funcionário com a voz embargada.
Pedro também ficou aborrecido e nem quis procurar o
lugar para onde a figueira fora
transplantada.
Pegou a estrada de volta para o escritório e na sua
mente veio aquela sensação agradável que ele já havia experimentado e que lhe
trouxera o relaxamento dos seus músculos e muita paz, paz, paz, paz.......................zzzzzz.
O carro seguia e de repente Pedro gritou apavorado:
— Êpa, Êpa! Acorde
e desferiu dois tapas em sua própria face! Não vá dormir ao volante, pois agora
a cena é real, o carro está em movimento e eu quero é viver!
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