Recordações dos bons
tempos.
Fernando
Braga
Eram duas irmãs, uma loira e a outra
moreninha. Ambas muito atraentes para um rapaz que havia terminado o curso
ginasial como interno em um colégio marista, doido pela liberdade. Moravam na
mesma rua, ele na casa de sua avó e estudavam no mesmo colégio, no período
da tarde.
Encontravam-se
frequentemente na Teodoro Sampaio para pegar o bonde ou mesmo uma lotação, comum
na época. Tinham praticamente as mesmas idades entre15 e16. Mas, elas já eram
duas mocinhas, ele não passava de um rapazola, um moleque, a quem elas não
davam a menor bola. Ele, embora não fosse feio, sentia-se muito complexado
frente a elas e tinha certeza de que se tentasse uma conversa, sairia
desmoralizado.
Pareciam muito orgulhosas. Encontrava-as
sempre na escola, nas ruas e mesmo nos cinemas. Achava a moreninha mais
ajeitada, mais de seu gosto, mas as duas gatinhas não eram para seu bico.
O tempo passou e aos 18 anos, agora um jovem, com o corpo formado, ganhou de seu
pai um belo carro, um Chevrolet Bel Air e logo após, conseguiu entrar para a
faculdade de medicina. Seus complexos haviam terminado. Sua família havia se
mudado para São Paulo. Quando voltava à casa de sua avó, sempre perguntava a seu
primo, dois anos mais jovem, sobre as duas irmãs. Ele que também era fã delas, dizia
que ambas estavam namorando.
Ele pensava: - Será que agora, mais homem, com carro, estudando medicina, eu teria chance com elas? Tinha certa preferência
pela moreninha.
Por
uma grande coincidência, certa noite resolveu assistir um filme no Cine Rio, na
Consolação. A sessão já havia começado. Estava escuro e assim foi pedindo
licença para poder sentar-se em uma vaga. Ao passar por uma moça, ela encolheu
as pernas para dar passagem, mas acabou se desequilibrando e caindo no colo dela.
Levantou-se rapidamente, sentou-se na poltrona ao lado. Pôs a mão no braço da
menina e pediu mil perdões. Ela simpaticamente desculpou-o, abrindo um belo
sorriso. Ele logo percebeu que se tratava de Helena, a moreninha.
O filme ainda não havia começado e assim
puderam conversar um pouco, ela agora, bem acessível.
—
Você aqui? Fomos colegas no colégio e morávamos na mesma rua. Você se lembra?
Ela
respondeu:
— Claro
que me lembro. Às vezes ainda vejo você passar de carro, indo à casa de sua avó.
Percebeu,
assim, que ela já havia notava sua
presença. Pelo menos isso.
No termino da sessão saíram juntos, ele,
ela e sua amiguinha Maria Cecília, outra gracinha.
Convidou-as para comerem um sanduíche, e
depois ofereceu para levá-las até Pinheiros. Aceitaram. Entraram em seu
possante!
Ao
se despedirem trocaram os números de telefones e discutiram a possibilidade de novos
encontros.
Arguida, disse que sua irmã, um pouco
mais velha havia se casado há um mês. Agora, dizia ela, ser a única princesa em
sua casa.
Encontraram-se várias vezes, mas andar
de carro, apenas se sua amiga os acompanhasse. Era a chaperon
deles.
Iam
muito a um barzinho que funcionava como uma pequena boate, onde comiam, bebiam Cuba
Livre e dançavam de rosto colado. Notou que a amiga, que era extremamente
simpática, comunicativa, mais desenvolta, quando se dirigia a ele, fazia certa
pose, fechava os olhinhos, mordia os lábios. Ele dançava com as duas e quando
tirava Maria Cecília para dançar, ela encaixava todo seu corpinho nele. Certa
ocasião, até colaram o rosto, cheek to cheek. Ele estava namorando Helena, que
percebia algo no ar.
Muito malandro, certo dia telefonou a
Maria Cecília:
— Sabe, eu acho você linda, gosto do seu
jeito, vamos sair nos dois!
— Nunca, você é namorado da Helena, minha
grande amiga!
Ele
enfatizou:
— Podemos dar um jeito nisso! Façamos o
seguinte, vou desligar e volto a telefonar em meia hora. Caso você realmente
não queira nada comigo, não atenda ao telefone, ou mande dizer que você não
está. Tá bem?
Após meia hora, ligou. E, ela imediatamente
atendeu! Bom sinal.
Terminou com Helena, que tempos atrás o
havia desprezado e começou a sair com Maria Cecília. Foi uma ótima fase dos
dois. Saiam nos fins de semana, iam a drive in, onde bebiam, comiam
algo e davam aquele amasso! Faziam até,
um pouco mais do que isto.
Foi quando um belo dia, passeando pela Rua
Sete de Abril, no centro, ele encontrou aquele brotinho, com aqueles tremendos
olhos azuis, que o enfeitiçou!
Casou-se após 7 anos e há um ano, comemoram
suas ¨ bodas de ouro¨.
Recordações... Avec Un Grand Finale.
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