EU TAMBÉM - Maria Luiza de C.Malina

 


EU TAMBÉM
Maria Luiza de C.Malina

Amélia.  Ah! Amélia, nada tinha a ver com a tão cantada em versos e prosa “Amélia, a mulher de verdade”.
  
Não fosse tão intrometida, até merecia um desconto, mas a inveja...Ah! Minha Nossa! Essa era desvairada. 

Tinha mania de doença. Até das doenças dos outros ela tinha inveja. Começava-se uma conversa séria sobre um caso diagnosticado e quando o amigo tomava fôlego para explicar sobre uma nova cura, ela imediatamente o interrompia e dizia:

— Eu também tenho isso! - E explicava todo o seu caso em mínimos detalhes, incluindo o fulano, beltrano e sicrano,  e assim o então contador da história interrompida, dizia um tanto constrangido:

— Onde foi mesmo que eu parei?

Sem qualquer noção retrucava:

— A vida é assim mesmo, uns com tanto outros sem nada!

Amélia era uma mulher bonita. Inteligente. Vivia só em um grande apartamento. O que faltava era um companheiro, talvez, amigos que a suportassem nesta concentração contida no “eu também”, ou eu já sei disso, e descambava na exorcização de um mestrado no assunto. Os ouvidos tiniam nas cabeças estonteadas, entre trocas de olhares em que mal se conseguia abrir a boca para interrompê-la.

O suspiro alongava-se entre os bocejos.

Uma palavra apenas, já iniciava outro discurso.

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