A POEIRA DA ESTRADA - M.Luiza de Camargo Malina


A POEIRA DA ESTRADA
M.Luiza de Camargo Malina

“Ela caminhava solitária pela beira da estrada. Não carregava malas, nem acessórios.   A poeira encobria sua silhueta, mas seus passos determinados levavam-na adiante.” 

Adiante, sua meta. A noite estendia-se furiosa no vento noroeste. A coragem superou os toques inconvenientes do passageiro de viagem. Refletia sobre o ocorrido e a decisão acertada, temia que ele fizesse o mesmo. A bagagem, sem ninguém a reclamar, será encaminhada a um guarda volumes na rodoviária da pequena cidade, depois a retiraria. Faltavam muitos, mas muitos passos.

Os passos apressadamente cansados deram lugar aos mais largos. Os longos cabelos negros, na noite que tudo escurece, remetia a sua silhueta o parecer de uma freira.

Assim caminhou confiante na estrada vicinal que lhe empoeirava os pulmões. Os pensamentos ao contrário aclaravam os passos com o brilho dos vaga-lumes.

Distraída assustou-se com um relincho. Aos poucos a visão acostumada à escuridão, denotou a figura de um cavalo. Um vulto alto trajando uma longa capa a cumprimentou oferecendo ajuda. Sôfrega aceitou. Seguiram o caminho desconhecido em direção ao clarão no horizonte.

O silêncio, paralelo na poeiroza estrada, respeitavam-se um ao outro.


Tem sido assim há muitos anos. Não tenho coragem de viver sem ele.”

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