AULA COM FORREST GUMP
Jeremias Moreira
Aproveitei o feriado de Corpus Christi
e fui ao clube. As ruas de São Paulo estavam vazias e fiz o percurso na metade
do tempo. Havia vagas à vontade para estacionar no AP. Imaginei que o clube
estaria com pouca gente.
Porém, na portaria, antes de mim,
estava um sujeito meio desengonçado, tentando convencer o porteiro a deixá-lo
entrar. O funcionário explicava que a entrada era exclusiva aos sócios ou
convidados e como ele não era, nem um e nem outro, não podia entrar. O camarada
parecia não ouvir e argumentava insistentemente. Aquele lenga-lenga se prolongava
infinitamente e eu impedido de entrar. Até que ele virou-se e o reconheci. Era
o próprio Forrest Gump materializado ali, na minha frente. Ele usava o mesmo
boné que usou no filme quando se torna pescador de camarões e na sua
interminável corrida. Fiquei animado com sua presença. Contei-lhe que também
era corredor de rua, embora estivesse impossibilitado de correr por problemas
no menisco e na coluna lombar. De pronto ele apresentou uma alternativa: o deep
running. Tratava-se de uma corrida dentro d’água que trabalhava a musculaturas
das pernas, tronco e braços e tinha alto consumo de calorias. Esta prática
surgira nos USA por volta do ano de 1994.
Expliquei que nunca ouvira falar.
Prontamente ele abriu sua bolsa, que parecia conter de tudo, e retirou um
colete flutuador, que se usa para praticar o deep running, e se prontificou a
me ensinar. Responsabilizei-me pela sua entrada e fomos direto para a piscina.
Então, ele ensinou os movimentos que eu deveria executar. Após algumas
tentativas estabanadas, finalmente peguei o jeito e consegui fazer doze
piscinas completas. Ao final estava exausto e o Farrest, contente por ter me
mostrado uma nova possibilidade. Deu-me o colete flutuador de presente. Em
seguida despediu-se, dizendo que tinha uma reunião urgente em Nova Iorque,
dentro de duas horas.
Pensei em perguntar-lhe como faria para
chegar no horário, mas resolvi deixar prá lá.
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