UM SONHO, UMA SOLUÇÃO
Ledice
Pereira
O
que estariam tramando Cidinha e sua inseparável boneca Lili?
Boa
coisa não era.
A
menina, de cinco anos, com cara de santa, vivia aprontando.
Eugênia,
a mãe, já não sabia mais o que fazer.
Cada
vez que a menina sumia, a pobre senhora se punha a rezar para todos os santos. Os
coitados eram impotentes para conter tanta imaginação.
Superativa,
apesar da pouca idade, ela vivia a buscar novas e fortes emoções.
Da
última vez, pescou todos os peixes que conseguiu, colocou-os num pequeno balde,
com água insuficiente, e os trouxe para casa, arrastando como podia.
A
coitada da mãe teve que carregá-los de volta, correndo o suficiente para
despejar o cardume novamente no habitat.
Alguns
já sentiam a falta do oxigênio e quase estrebuchavam.
A
mulher esbaforida precisou se refazer, sentando-se sobre as folhas secas que
margeavam o riozinho.
Ali,
chorou copiosamente. Estava desanimada.
Tinha
criado a menina sozinha depois que o marido a abandonou.
Acabou
adormecendo. A cabeça pendeu para o lado, o corpo se ajeitou como pôde e ela
sonhou.
No
sonho, ela colocava a filha numa escola próxima dali e a menina se enturmava.
Arranjava tantos amigos que até se esquecia da boneca, companheira de todas as
horas.
Quando
despertou, teve a certeza de que havia encontrado a solução para o problema.
Sempre
achara que, por ser uma criança problemática, deveria crescer sozinha, ao seu
lado. Percebeu, no entanto, que estivera enganada todo o tempo. Estava
impedindo que a filha se desenvolvesse e conhecesse outras crianças.
Naquela
mesma tarde, dirigiu-se à escola onde conseguiu uma entrevista.
Explicando
a situação, foi muito bem atendida. Disseram-lhe que ali a garota teria como
descarregar as energias, com jogos, trabalhos manuais, cerâmica, desenhos e
brincadeiras.
Além
disso, iria conviver com crianças de todos os tipos, fundamental para o seu
desenvolvimento.
Cidinha
ficou muito feliz quando a mãe contou a novidade. Ficou excitada com a ideia de
ter amigos para brincar e conversar.
Correu
para o quarto e a mãe a encontrou entretida, num papo com a boneca Lili, tentando
explicar para a amiga que nunca a abandonaria. Que tinha no coração um lugar
reservado para ela. Que continuariam a dormir juntas para sempre, mas que a
partir daquele dia ela iria viver uma nova experiência. Iria frequentar uma
Escola de verdade.
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