A falsificadora
Maria
Amelia Favale
Francine
gostava de parecer que era da alta sociedade, de educação refinada, caminhava
rebolando pra lá e pra cá. Mas, na verdade, Francine era uma ladra de mão
cheia, e quase foi desmascarada na loja de eletroeletrônicos onde fazia
compras, pagando com cheque frio.
Foi
assim, o gerente ao vê-la toda ligeira na loja, desconfiou de sua índole e
manteve-se por perto. E, quando ela decidiu pagar, esticou o tal cheque frio de
congelar os dedos. O homem ligou para o banco, que por coincidência era onde
ele mesmo mantinha conta, e constatou que não havia tal pessoa como correntista
e que a tal conta bancária não existia naquela agência. “É falso esse cheque,
Humberto”, garantiu o gerente seu amigo.
Humberto
ficou roxo de raiva e a ameaçou esbravejando: “Vou chamar a polícia para
resolver essa tramoia! ”, mas, imediatamente, ela tirou das orelhas os brincos
de brilhantes e, determinada os ofereceu ao comerciante como forma de quitar a
dívida.
Quem
falsifica um cheque, pode falsificar joias também, disse ele em alto tom. Os
clientes todos se voltaram para Francine.
Mas,
um dos clientes que assistia a cena, percebendo que o gerente duvidava da
originalidade das peças, apresentou-se como joalheiro. “Desculpe me intrometer,
eu estou aqui fazendo minhas compras e estou admirado com esses brilhantes. Um
bom joalheiro logo os identifica como verdadeiros””. E ali mesmo o homem
certificou serem verdadeiros os brilhantes daquelas peças.
Francine
que aguardava tudo pacientemente, empinou o nariz diante da certificação e da
demonstração de interesse do desconhecido em comprar as peças. “Esses
brilhantes são verdadeiros, senhor, e se quiser vendê-los estou interessado em comprá-los,
pago 5 mil”.
Humberto
não venderia para um estranho, é claro. Francine, com tanto crédito que ela
agora tinha na loja, ampliou suas compras até não dar mais. Comprou tanto que
ultrapassou o valor da joia.
Seu
Humberto fez a somatória e mostrou que ela não tinha credito para tanto. Francine,
ainda de nariz levantado perante tal desconfiança, disse que levaria na hora
somente o Smartphone, e o restante poderiam enviar para seu endereço. E para
cobrir a diferença ela abriu a carteira recheada de notas de 100 reais, e pagou
a conta.
Humberto
pensou “Essas notas são falsas”...
Para
acabar a confusão, ele segurou o dinheiro e os brincos, afinal a loja não
estava vendendo bem naqueles dias, mas pediu o endereço da freguesa para
entrega da compra. E disse: “Se estas notas forem falsas a senhora verá a polícia
bater à sua porta, e sua compra não será entregue”.
“Sim,
eu sei. Mas se vai ficar com minha joia, eu levo pelo menos o celular agora,
como garantia”. E ele concordou entregando-lhe o aparelho, mas alertou-a: “Se
essas notas forem falsas a senhora vai sair no prejuízo, entendeu? ”
Ela
deu de ombros e saiu com sorriso sarcástico.
Mais
adiante encontrou com o falso joalheiro seu parceiro, e agradeceu o laudo.
“Mas,
Francine, você deu seu endereço de residência para eles?” – Perguntou o
cúmplice.
“Não,
dei o endereço do hospício. Eu só precisava do celular mesmo” – disse dando de
ombros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário