77. - Mario Augusto Machado Pinto




77.
Mario Augusto Machado Pinto

CORI, CORI, CORI...
Nesta esquina, pela primeira vez vi árvores, flores, gente e outras coisas diferentes daquelas que havia no apartamento dos meus pais e o Cori, Cori era para chegar rapidamente do outro lado da rua, é que eu detestava colo de homem e minhas pernas eram curtas. Tinha quatro ou cinco anos de idade. Imagina!

Bem, pergunto a mim mesmo, por que estou correndo? Não sei direito. Acho que é por causa dele ter ficado P da Vida quando, na frente da galera, provei que ele estava errado, mas não é tanto assim  pra chegar a me ameaçar com “um tratamento”.

Quem faz tanto sinal do outro lado?

É o “Seu Alécio”, o quitandeiro. Tá agitando os braços e apontando pra trás. É ele, tô sabendo. Claro que está me seguindo.  Também, é fácil! Tenho mais de dois metros de altura, tô com roupa da academia e tenho os cabelos pintados, metade loiro, metade vermelho. Eta puta coisa de besta! Loiro e vermelho! Onde estava com a cabeça? Nas pernas da Leni me fazendo cafuné. Dormi. Quando acordei fui pra casa e só aí vi o estrago. Fiquei puto! Mas, ao mesmo tempo ri muito, achei gozação pra todo mundo. Fiquei.

PAN, PAN, PAN...PUM!
PAN, PAN, PAN...PUM!
PAN, PAN, PAN…PUM!

É o sinal dele. Bem diferente, pra dizer a verdade. Além de tudo é de gozação. Diz que é o sinal de que o Destino está batendo à sua porta. De onde tirou isso? Ele não diz pra ninguém. Os Broder não imaginam, mas eu sei,  é daquele alemão que tem música que ele gosta.

Foi disso que nasceu o apelido dele. Tinha um revolver 32 e achava que os tiros faziam pouco barulho. Comprou um “treisoitão”. Não gostou! Queria mais estouro. Procurou, procurou, imaginou e decidiu: um só não chega; tem que ser dois. É, dois, um pro barulho menor, outro pro estouro, um que dá medo. Comprou os dois. Agora o pessoal sabe quando é ele,  e vai se mijar de medo. É verdade mas, não me mijei...

Porra!!! Que barulheira é essa? Cara, não empurra! Não precisa bater nem gritar!

Vamos! Vamos! Acorda, menino! Está na hora de ir pra escola. Vamos!


P.S.: Por que o apelido é “77”?

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