PARECIA BOM - Oswaldo Romano


PARECIA BOM
Oswaldo Romano

Há muito não o via!

        Já tinha esquecido como eram convidativos seus olhos! Nem mais me lembrava como era cativante sua voz! Esqueci quase completamente do carinho que ele sabia dar.

        Estávamos namorando há dois anos.

        Bicicletas nos levavam a deliciosos passeios nos parques, e quando motivados, o que era constante, por trilhas mata adentro. Só de pensar nelas vinha um sentimento de aventura, coberto de muito prazer.

        Nas picadas que desviavam das trilhas, já conhecidas, uma foi  escolhida naquele dia era o desvio que nos levava ao nosso esconderijo.

        Uma toalha estendida no chão, ali deitados, nossos olhares perdidos no espaço, cobriam os pensamentos desencontrados.

        — O que será que tem dentro da sua cabeça? Eu pensava! Como gostaria de poder entrar nos seus segredos, nesta hora. Estaria voltado para outra?

        Com dois anos juntos, já lhe escapava aquele apetite do ataque sexual.

        Então, tomando à dianteira, investi sobre ele cobrindo-o de beijos e carinhos.

        Meses depois ele comprou um carro. Foi um chega p’ra lá das nossas pedaladas. Mas tudo mudou. O carro o levou, sei lá p’ra onde...


        Na lembrança que sinto agora, vejo vagamente onde errei. Fui eu quem ensinou os caminhos dos esconderijos.

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