Explicando
a Catacrese
Maria Amélia Favale
No fim da tarde fui pegar
minha filha na escola. Ela tem sete anos e está no primeiro. Sempre voltamos
para casa andando e conversando. Pergunto como foi seu dia, como foram as
aulas.
De repente Sofia parou de
andar, chamou minha atenção: Mãe, hoje a professora explicou algumas expressões
e tem um nome esquisito: Catacrese!
Disse que o livro tem orelhas, que a boca tem céu, a cabeça de alho tem dentes e outras que não me lembro. O pior foi dizer que a noite tem boca. Mãe, vamos andar depressa se não a noite vai nos comer.
Minha filha fez-me dar
muita risada. Não conseguia parar de rir.
Calmamente expliquei que
são expressões em termos figurados, que por falta de outro nome para explicar,
chama-se catacrese. Por exemplo: pé de cadeira.
Sofia ficou pensativa,
tentou entender. Então catacrese é isso? Tudo foi inventado? A boca da noite
não vai nos engolir?
Pareceu que Sofia ficou
decepcionada, além de confusa. Foi como se tivesse que abandonar um mundo
magico, interessante e voltar para a realidade.
Moral da história- a infância é a melhor
idade.
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