CONFLITO NO ESCURO - Carlos Cedano



CONFLITO NO ESCURO
Carlos Cedano

Estava sem sono, virei tanto na cama que decidi ler, era um “remédio” que me ajudava a combater a insônia. Aos poucos meus olhos começam a “pesar” oba! Coloquei o livro sobre o criado mudo, desliguei a luz do abajur, relaxei todo meu corpo. Passaram cinco, dez, quinze, vinte minutos, meia hora talvez,  e nada! Silêncio total, e agora estou sentindo-me excitado, nervoso, o “sono prometido” não chega.

Respiro fundo e solto o ar lentamente, mas de repente um rangido suave quase imperceptível, chega a meus ouvidos, espero alguns minutos, minha atenção agora está concentrada para qualquer barulho, é minha imaginação pensei, de repente escuto o ranger de uma porta, sim, é a dobradiça da porta da cozinha que da pra sala, é ladrão na certa!

Primeiro é não perder a calma, logo devagar e sem fazer barulho vou até meu armário, pego meu revolver e alguns travesseiros, um plano de defesa vai se delineando na minha cabeça, agora preciso de alguns pedaços grandes de papel higiênico, mas antes fecho delicadamente as cortinas o que deixa o quarto literalmente nas trevas. Nisso sinto outro rangido, desta vez é o segundo degrau da escada de madeira, ela tem um problema de pregos soltos, ah! Ele já está aí né?  

Com os travesseiros simulo um corpo na minha cama e com o papel higiênico começo a amassa-lo para fazer duas bolas compactas, o que vou fazer com elas é um truque que não falha! Tudo isso não levou nem cinco minutos, agora é saber onde vou esperar o intruso, ah sim! Já sei, vou ficar no vão entre a parede e a estante onde guardo minhas camisas, o lugar me dá proteção e uma posição favorável na hora de atirar.

Ajoelho-me e aguço intensamente meus ouvidos, minha concentração está em seu máximo e meu coração bate a cem por hora, inspiro fundo e expiro relaxando, sempre fui um bom atirador, mas não convém arriscar. Acompanho a subida do cara degrau a degrau, os chiados agora são suaves, o delinquente é experiente a cada degrau que sobe faz uma pausa, ele também arrisca pouco! É meu primeiro conflito da minha vida no escuro. Agora já está no corredor e faltam-lhe somente seis metros até a porta de meu quarto, ele viu de fora quando apeguei o abajur! Não passa um minuto quando lentamente gira a maçaneta do meu quarto, abre-a lentamente, ah! O malandro apagou todas as luzes né? Assim evita que enxergue sua figura na contraluz, é experiente sim!

As duas bolinhas de papel estão bem comprimidas, lanço uma com cuidado do lado de minha cama causando um barulho surdo e perceptível, o bandido se precipita e atira três vezes com um revolver com silenciador no “corpo deitado” na cama, já atirou canalha? E ao mesmo tempo atiro pensando agora é minha vez, atirei também três vezes e o cara caiu duro com um barulho seco!


Esperei alguns minutos, levantei e verifiquei que o ladrão já era defunto! Ah!... Foi bom ter feito academia de policia!

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