Madrugada
José
Vicente J. de Camargo
Na
rua molhada a luz do poste refletida na madrugada. Ninguém por perto somente eu:
A madrugada. No meu corpo de neblina fina, as partículas d’água se entrelaçam
caindo ao solo. Essas noites de inverno me deixam triste, depressiva, sinto
saudades das noites quentes de céu claro e estrelas brilhantes, que atraem as
pessoas às ruas, às praças, esbanjando sorrisos sobre crianças alegres que aquecem corações. Sou coberta por um
manto de estrelas, iluminada pela luz do luar, e no meu interior prevalece o
silêncio, pois sou a guardiã do sono tranquilo, regenerador das forças perdidas
na batalha do dia a dia. Faço parte importante da vida de todos os seres vivos,
pois metades do seu tempo passam sob minha proteção. Não posso agir diretamente
na ordem das coisas, mas ofereço minha tranquilidade, meu sossego para que a
paz reine entre os homens das cidades aos campos, das praias às serras. Uma das
minhas tarefas preferidas é a de abraçar os enamorados, incentivando-os nas
trocas de juras de amor eterno e a de ser admirada por todos quando fixam seus
olhos em mim a procura dos astros e das estrelas cadentes. Fico feliz por ser a
musa dos poetas e artistas, inspiradora das artes, mas fico triste quando não
posso proteger os seres vivos do frio causticante e das tempestades destruidoras.
Sou
uma eterna enamorada dos raios solares. Deixo-me desmanchar aos poucos nas suas
caricias quentes e me escondo ansiosa, aguardando a hora dele me chamar
novamente para proteger meus súditos fieis no meu embalo dito por eles, da
Madrugada...
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