A DUPLA DINÂMICA
Suzana
da Cunha Lima
(Conto
Infantil)
Eram
dois amiguinhos que sempre brincavam juntos: Branco tinha nascido da espiga do
milho dourado, na primavera. Os grãos caíram e se juntaram, formando um
coelhinho delicado, todo branco, que só queria pular pelos campos.
Dengosa
viera logo depois, quando o lírio branco se espreguiçara no calor morno do
outono e ela saíra de dentro de seu copo.
Parecia uma gatinha veludosa, cheia de manhas e vontades.
Um
dia se viram no relvado verde do jardim e se amaram. Gostavam de estar juntos, mas acabavam sempre
brigando, porque o coelhinho gostava de brincar com todo mundo e Dengosa queria
exclusividade. Era ciumenta, a
danadinha.
Um
dia, a briga foi tão feia que o coelhinho e a gatinha quase perderam o pelo
todo, de tanto se arranharem.
Foi preciso dr. Tronco, que tudo via ali no
jardim, chamar a atenção dos dois e dar um castigo exemplar.
- Vou transformar vocês dois em duas pererecas
de rio, sem nobreza e linhagem. Vê se
param de brigar e façam alguma coisa boa para os outros, senão, não voltam mais
a ser o que eram. E assim foi.
Quando se olharam, eram duas pererecas azuis,
de patas cor de rosa. Um horror!
Uma
olhou para a outra e começaram a rir: Como estamos feias, amiga. Que olhão
enorme, que patas sem graça! Disse Branco, que era mais bem humorado.
- E agora,
o que faremos, não quero ficar assim a vida inteira. – choramingou Dengosa.
- Vamos
ver o que podemos fazer por alguém para voltar a ser como éramos.
Olharam
em volta, no jardim, pela primeira vez com atenção. Viram um formigueiro adiante, e as
formiguinhas levando as folhas de árvore com o maior esforço. A folha era maior do que a formiguinha.
Resolveram então ajudar, recolhendo as folhas
espalhadas no chão e levaram tudo para o formigueiro.
As formiguinhas,
sempre cansadas, nem acreditaram que iam ter algum descanso naquele dia.
Então
resolveram brincar, coisa que não faziam nunca, era só trabalhar.
Até
a rainha do formigueiro entrou na dança e dali por diante, começou a aliviar um
pouco o trabalho de suas súditas.
As
duas pererecas pularam satisfeitas e foram olhar onde mais poderiam ser úteis. -
Ah, olhe o cachorro se coçando todo, deve ser pulga, disse Branco.
- Coitado, deve estar incomodando. E os dois
juntos foram coçar a barriguinha do cachorro, que chegou a dormir de tão
aliviado e satisfeito.
Branco
e Dengosa ficaram o dia todo observando a vida que fervia naquele jardim e onde
poderiam ser úteis. Ficaram logo conhecidos como a dupla dinâmica e gostaram do
apelido.
Gostaram
tanto que resolveram ficar assim como estavam: duas pererecas azuis, de patas
cor de rosa, contentes da vida.
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