A
ESPERANÇA É A ÚLTIMA QUE MORRE
Carlos
Cedano
Esperava ansiosamente o resultado do concurso público
para o cargo de inspetor de trânsito que oferecia um excelente salário, e
precisava dele urgentemente. Sou engenheiro civil desempregado, estudei intensamente
sem folgas e sem diversões durante seis meses, e aos poucos ganhava a convicção
que seria selecionado. Mas, nunca se sabe, surpresas podem acontecer, sobretudo
num concurso onde para cada uma das cinco vagas existiam mais de quarenta
candidatos.
A lista dos selecionados seria anunciada às dez horas,
ufa! Que sufoco, ainda falta mais de uma hora e já tínhamos no auditório mais
de cento e cinquenta candidatos todos ansiosos, esperançosos, nervosos e os
banheiros continuamente solicitados!
Os últimos cinco minutos “andaram” lentos e sem pressa,
demoravam a passar. Dez horas! E ainda nada, passaram-se mais dez minutos e a
inquietação dos candidatos fazia-se sentir pelo ranger das cadeiras. Agora sim!
Um senhor de paletó e engravatado entra no palco com ar solene e seguido por
uma moça que parece ser sua assistente, puxam cadeiras e sentam-se, os dois
cochicham durante dois eternos minutos, agora ele arruma a gravata, bate no
microfone e pergunta:
— Vocês estão escutando bem? Vocês lá no fundo também?
— Esse cara está torturando a gente! Comenta um dos
candidatos.
— Sim! Foi a resposta unânime e ele, sempre com a
maior paciência, tira uma folha de um envelope, limpa a garganta e começa a ler
o nome dos ganhadores.
O primeiro a ser anunciado deu um grito de alegria vindo
do fundo do auditório, tudo o mundo se vira para saber quem era o sortudo o que
interrompeu o anúncio dos outros selecionados. O homem do palco pede sossego e
silêncio para continuar, decide ser um pouco mais rápido, lê logo o segundo
nome, não era o meu, o terceiro também não, os ânimos dos candidatos restantes iam
minguando, mas eu me segurava na minha esperança, por fim o quarto nome... é o meu!
Pulei de alegria, mas logo a seguir minha ansiedade contida explodiu e chorei
muito enquanto o anúncio do quinto já esvaziava rapidamente o auditório.
Meu empenho e dedicação transformaram minha esperança
em realidade e desde então vivo com essa convicção: a esperança é última que
morre!
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