FILHOS
Carlos Cedano
Maitê e Ricardo moram
no mesmo bairro desde crianças, agora já com quatorze anos têm uma amizade
legal, porem Ricardo passa por uma fase difícil no relacionamento com seu pai.
Um domingo cedo Maitê, indo para a padaria, viu seu amigo sentado num banco da
praça, ele parecia de bola murcha!
— Que foi Ricardo, você esta com a cara de poucos amigos, você brigou com
alguém?
— Sim, com meu pai, o velho está cada
dia mais chato, não sai de meu pé!
— Mas que foi mesmo que aconteceu,
conta pra mim direitinho cara? Falou
Maitê.
— Disse a ele que hoje iria jogar uma pelada com amigos da escola, e
ele me perguntou pra quem tinha pedido autorização e eu respondi que eu já
tinha quatorze anos e que sabia tomar minhas próprias decisões e me cuidar!
— Sim, e dai? Indagou Maitê.
— Aí meu pai usou o velho argumento
dos coroas de que minhas notas da escola não estavam lá essas coisas e que
precisava estudar mais e por isso ficaria em casa! Caso contrario cortaria minha mesada! Acho que ele enfiou o pé na jaca!
— E logo depois que aconteceu?
Insistiu sua amiga.
— Tratei explicar que já estava tudo
quase em dia e ele me disse que estava enchendo
linguiça. Eu retruquei dizendo-lhe que ele
estava se comportando como um ditador.
— E... Ele como reagiu? Perguntou
Maitê.
— Ele me disse que eu estava
exagerando, que o único que explicava meu comportamento era que eu estava numa
fase onde meus hormônios estavam dando uma surra homérica nos meus neurónios.
Como não entendi bem o que ele quis dizer com isso, sai batendo a porta de casa
e aqui estou!
Ambos ficaram alguns
minutos em silencio, e depois Maitê falou com carinho:
— Ricardo, você está fazendo uma tempestade num copo de agua. Seus pais te adoram e só querem seu bem, às
vezes podem parecer bravos e injustos, mas seu pai, seu Roberto é um anjo sem asas, e sua mãe dona Ruth,
um docinho de coco.
Maitê percebeu que
Ricardo não estava muito convicto do que ela lhe dissera. Ficou pensando e logo
depois falou:
— Ricardo, pensa bem, nós somos os únicos
filhos de nossos pais, eles são inexperientes e têm suas inseguranças, somos como seus porquinhos da índia e cometem
erros conosco, nos também temos que educá-los embora nem sempre aprendam! Temos que ter paciência com eles!
Esse argumento pareceu
mais interessante a Ricardo e aos poucos foi se acalmando e disse pra Maitê que
estava mais confiante:
— Vou pra casa começar
a domar as feras!
Maitê ficou com um aperto no coração, estava em
dúvida:
— Será que fiz bem ou
piorei as coisas?
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