A dança das estrelas - José Vicente J. de Camargo




A Dança das Estrelas
José Vicente Jardim de Camargo
                       
Não é programa de televisão! Mas sim a fantástica dança dos astros no espaço incomensurável do cosmo. As grandezas dos  números são de tal magnitude que nos paralisa o pensamento. Exemplo desse para nós ainda maravilhoso mundo novo, são os recentes dados enviados pela nave espacial “New Horizon”. Viajou seis bilhões de quilômetros a uma velocidade de setenta e cinco mil km por hora, durante nove anos, para nos enviar de seu minúsculo corpo, um quase nada nas proporções celestes, magníficas imagens de Plutão e suas luas.

Este último planeta do sistema solar, hoje desconsiderado como tal pelos astrônomos por não ter determinas características, se revela em todo seu esplendor cósmico mostrando inclusive, em sua superfície, uma cratera em forma de coração como a dar as boas vindas aos terráqueos aventureiros.

Outra nave espacial, como a “Voyager”, que leva consigo o  sofisticado telescópio Kepler e que já ultrapassou as fronteiras do sistema solar, nos vem surpreendendo com fotos de rara beleza de novas galáxias dentre as bilhões que sabemos existir, cada qual por sua vez, aprisionando em sua esfera gravitacional outros bilhões de estrelas. Todas numa dança frenética de explosões de nascer e morrer, criando entre si os indecifráveis, até hoje para a ciência, “buracos negros” dotados de uma quantidade incalculável de energia comprimida.

A última novidade recebida de Kepler, foi a de um planeta considerado primo distante da Terra, por estar a 1400 anos-luz e por possuir condições propicias à vida, como água líquida e atmosfera estável.

Porém, toda vez que tomamos conhecimento desse universo de  dimensões bem acima da nossa compreensão média, nos sentimos, na proporção inversa, diminuídos na nossa pequenez  de seres humanos.

Por outro lado,  constatamos que esse desequilíbrio se iguala, quando analisamos o avanço gigantesco da inteligência humana no desenvolvimento de tecnologias de ponta, necessárias para a exploração do cosmo na busca da sua origem e da sua evolução, já que  sabemos que está em permanente expansão.

Nesse contesto nos damos conta, quão destemida é a natureza humana, que desde o homo sapiens se caracteriza pelo ímpeto de desbravar o desconhecido.

Da sua origem na África, migrou para terras desconhecidas  vencendo toda sorte de obstáculos, na procura continua de novos espaços, iniciando assim a povoação dos demais continentes.

Depois tivemos os navegantes, que mesmo considerando o mundo de então plano, se aventuram na tentativa de descobrir novos horizontes até comprovarem que o precipício final não existia.

Essa ansiedade de sempre ir um passo além, é parte intrínseca do ser humano, que, sem dúvida, o distingue dos demais seres vivos.

E neste sentido, continua a pairar no ar a resposta que esperamos do cosmo:
Somos os únicos seres vivos no universo? Os únicos dotados de inteligência?

 Se não o somos, como serão nossos vizinhos?

Que aparência terão?

Serão mais inteligentes, mais bélicos?

Que comportamento terão quando contatados?

Respostas que para nós, dentro do nosso diminuto tempo de existência, só servem para matar a curiosidade momentânea da nossa imaginação. Deixemo-las, portanto para os astrônomos e outros cientistas que aos poucos, com o apoio crescente da tecnologia, as irão desvendando para a admiração de nossos sucessores.

Ficando na realidade do nosso frágil planeta Terra, continuemos a mirar maravilhados o firmamento e que, na observação de sua dança equilibrada de ordem-desordem, na grandeza de suas dimensões, possamos encontrar nosso próprio equilíbrio na convivência com nossos semelhantes, tão conturbada por conflitos de toda natureza.


Pois a mente que desbravou tão imponente cenário e alcançou tão longínquas distâncias, não pode ser capitulada por fanatismos religiosos nem por mesquinhos interesses políticos.

Que dancem as estrelas e que dialoguem os homens!...

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