MELANCOLIA
Chovia muito. O quarto silencioso revelava, na penumbra, a bagunça instaurada no tempo. Ela revira-se de um lado para outro:
- ... mais uma noite de insônia.
Nada havia mudado e, no entanto, no dia anterior tudo parecia transforma-se:
Ela havia conhecido alguém interessante. No meio da multidão de rostos previsíveis e apáticos ele apareceu: olhos profundamente negros, sorriso calmo.
Os dois se conheceram na saída do cinema e começaram a procurar um lugar para se abrigar da chuva.
- Ontem também choveu? Ela pensa distraindo-se um pouco do rosto dele, da insônia, do vazio...da chuva...
Bate-papo, café, chuva...passaram horas conversando. Ela voltou para casa feliz. Abriu a mesma porta gasta pelos dias e entrou no mesmo minúsculo apartamento onde mora com um gato cinza. Mas naquele dia pareceu-lhe que tudo estava diferente. Ela entrou e olhou o telefone:
– Ele ficou de telefonar amanhã.
Ela esperaria desde já...não conseguiu dormir. Sonhava acordada. Chovia...chovia muito... um dia inteiro se passou e já tarde da noite ela ainda ouvia a chuva; o telefone não tocou, nenhum som, nada, só a chuva que continuava, infinita pela noite adentro...
Christiane Lopes 19/02/2013
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