Umbrella Basilical - Maria Verônica Azevedo


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Umbrella Basilical
Maria Verônica Azevedo

        Quando eu era criança participei de uma viagem a Aparecida do Norte para conhecer a basílica de Nossa Senhora Aparecida, com um grupo da escola. Naquela época, ainda não existia o enorme santuário que hoje se projeta na paisagem do Vale do Paraíba e dá para se ver bem antes de chegar à cidade de Aparecida do Norte.

        Fomos de ônibus fretado para uma chamada peregrinação que duraria o dia todo. Chegando a Aparecida do Norte, o ônibus foi estacionado para que todos descessem e continuamos caminhando em direção ao morro onde estava a antiga Basílica. Depois de fazermos um pequeno lanche na praça, entramos na igreja. A guia falava o tempo todo mostrando os detalhes arquitetônicos da nave. Olhando para o teto, eu acompanhava com o olhar todas as explicações. Estava muito interessada no que via. 

        Num canto preso ao teto, reparei num objeto de tecido vermelho e amarelo forte com franjas. Parecia um guarda-chuva semiaberto. Logo perguntei:

        O que é aquele guarda-chuva ali no teto?

        A guia turística então explicou:

        - Ele ficou preso ali por um milagre da santa. Foi numa quarta-feira de cinzas. Uma passista de carnaval fantasiada de dançarina de frevo entrou na igreja dançando e dando muita risada. Por causa da falta de respeito pela casa sagrada, a sombrinha escapou-lhe das mãos e subiu para o teto ficando lá presa desde então, como um milagre.

        Fiquei vivamente impressionada pelo relato olhando para o teto por um longo tempo. Nunca mais me esqueci desse fato.

        Recentemente, estudando sobre a arte nas Igrejas antigas do Brasil, descobri que o objeto parecido com um guarda-chuva de duas cores, amarelo ouro e vermelho, é na verdade um símbolo papal que está em todas as basílicas do mundo, sendo mesmo um distintivo do reconhecimento da basílica pelo Papa: Umbrella Basilical.

        A Umbrella Episcopal, em amarelo e vermelho, tem as cores dos antigos imperadores do oriente, tem a função de um baldaquino, simbolizando a proteção e dignidade.

Um comentário:

  1. Anônimo1/04/2024

    Quando eu era criança eu também vi o referido "guarda-chuva" e me contaram também a estória da passista dançando na quarta-feira de cinzas e do milagre.

    Isso faz mais de 60 anos.

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