O acidente inesperado - Fernando Braga

        

O acidente inesperado
Fernando Braga

       Douglas era um bom e grande amigo. Era muito alegre, falante e gozador. Adorava contar piadas e gostava de aplicar  pegadinhas.

      Há poucos dias trocou seu carro usado por uma beleza de BMW branco, com bancos de couro creme, o que sempre foi seu desejo, sua paixão. Chegara o dia!

      Recebeu o carro na agência e foi direto para casa, estacionando a maravilha, em frente ao portão. Entrou, chamou sua mulher, seu filho, já um advogado, para apreciarem o carro novo do papai.

     Deram uma olhada no automóvel por fora, o pai abriu as portas, mostrou o lindo painel onde estava a tela para o GPS, telefone e rádio, os bancos de couro majestosos e confortáveis, os tapetes e finalmente o porta malas, bastante espaçoso.

      Seu filho Rui pediu as chaves ao pai para que experimentasse o carro, dando uma volta pelo quarteirão. Saiu em marcha acelerada e virou a esquina. Os pais ficaram na calçada aguardando sua volta, queriam saber sua impressão.

     Demorou e após uns 20 minutos, os pais observaram que o jovem voltava caminhando pelo meio da rua, com as mãos na cabeça e aproximando-se mostrava um semblante muito preocupado.

Gritou:

      — Pai, que merda!

     — O que aconteceu meu filho? Cadê o carro?

      — Pois é pai, no quarteirão de trás, eu estava passando devagar, quando uma mulher, louca, saiu com seu carro pelo portão da garagem de sua casa sem olhar e veio para cima de mim, batendo fortemente no meio da BMW, atingindo toda a parte lateral direita do seu carro! Encostei o carro e fui falar com ela. Ele pediu mil desculpas e disse que eu devia andar mais devagar naquelas ruas do bairro. Eu queria matá-la!

     — Logo chegou seu marido, nervosinho e começamos a discutir, ele querendo me culpar. Encostei o carro e disse que viria chamá-lo.

      — Vamos lá pai, venha ver o estrago!

      — O senhor já tinha feito o seguro?

      — Que merda filho! Logo agora isto foi acontecer! Estragou o meu sonho, o meu prazer!

      Andaram apressadamente, viraram à esquerda, depois à direita e seguiram até o próximo quarteirão.  A uns 80 metros, o pai logo viu a traseira de seu carro, estacionado debaixo de uma árvore. Apressou mais seus passos, querendo ver logo o amassado!

       Chegou, olhou do lado direito e nada errado, deu a volta, olhou do outro lado e também nada, o carro estava perfeitinho.

       Disse:

— O que é isto filho! Tá querendo me gozar? Você me enganou?

       — Pai, hoje é Primeiro de Abril!


       — Seu desgraçado, você me pegou e quase me matou do coração!

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