UMA NOITE NO BAILE - Oswaldo Romano

                 

UMA NOITE NO BAILE                           
                     Oswaldo Romano
                              
Foi aqui que a conheci.
Estavas dançando tão linda
Eu que há muito a tinha
Em casamento pedi.

Dançamos a noite inteira.
Desastrado pisei no seu
Dolorida você disse, doeu né?
Agora ajude, pegue uma cadeira.

Pedi muitas desculpas
Ela aceitou com reserva.
Jurei, não tive culpa
A culpa foi toda dela.

Calei-me quieto e sentido
O protesto foi violento
Amor,  disse ela, não minto
Sinto dor, um sofrimento.

O CASAMENTO
Sua mãe ficou sabendo
Prepararam o enxoval
A capela ia fornecendo
O preço do cerimonial

Chegou o grande dia,
Há muito esperado
Todo mundo preparado,
Que lamentável, chovia.

A capela era pequena
Poucos bancos, cadeiras
O padre mantinha a cena
Pondo na frente as solteiras.

O ATRASO

A noiva inquieta, se preparava.
Vestido branco, liso, fitas rodeavam.
Tudo lindo, porém ela chorava,
As lágrimas corriam, não paravam .

O que fazer nessa hora?
Todos consolavam a noivinha.
Chegava o momento, e agora?
Dê agua com açúcar à mocinha.

Voltando ao normal, soluçava
Sua pintura toda escorria.
Contente a mãe rezava e falava,
Sorte do noivo, vai ter o que queria.

No altar o noivo esperava
O Padre muito experiente
Animando antecipava:
Não se apoquente, seja paciente.

Finalmente a noiva e seu pai postaram-se na entrada.
O noivo no altar, acertando-se, esperava cheio de fé.
Com músicas comoventes, um coro afinado cantava.
Ela entrou, beijou e falou, amor hoje  não me pise o pé.

Não amor,  agora só vou cariciar
Chegou afinal nosso momento tanto esperado
O Padre interveio, - vou começar
O noivo,  padre estou muito preocupado

A mãe inquieta, desde a sacristia.
Postou-se junto aos padrinhos
 Atenta ao desenrolar, nervosa assistia.
Alto se pronunciou, não judie do meu anjinho.



Depois da cerimônia, foi só comemorar
Um bolo e champanhe deram inicio ao  balançar
A orquestra animando começou a tocar
Os noivos bebericavam e não pararam de dançar.

A mãe ficou animada
Vendo todos sacudirem,
Puxou o pai, entusiasmada
Quis beber, se divertirem.

O pai, desajeitado, mal  dançava.
A mãe muito assanhada
Virou a noite, já madrugada...
Pulava, rodopiava, cantava.

O noivo revelando educação.
Vendo o entusiasmo da sogra
Largou a noiva, no salão
Agarrou a sogra, azar,  deu-lhe um pisão.

Ela bebia, já estava calibrada
Soltou um palavrão, arrasada.
A moça ouviu, ficou abalada.
Puxou o noivo; - o que você fez pra coitada?

Ganhei dela no meu primeiro dia,
Palavras  que há muito não ouvia.
— Meu Deus, querido o que ela falou?
     — Me apertou. —  E daí?
                 — Entre outras, disse no meu ouvido: Carinho de

     genro com sogra, bem que falam, é doído.

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