SOPHIE - Carlos Cedano

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SOPHIE
Carlos Cedano

Nossa turma, com sessenta alunos, estava no terceiro ano da Faculdade de Economia e era um grupo bem integrado e de muita camaradagem. Mas nada fazia prever que nosso coreto seria bagunçado em breve. Quando retornamos das férias nos deparamos com uma nova aluna de nome Sophie, alta, olhos verdes, cabelos loiros e um sorriso suave parecendo saída do quadro o Nascimento de Vênus de Botticelli.

Lentamente foi cativando gregos e troianos, sempre gentil e alegre. Em pouco tempo já fazia parte de nossa sala como se sempre tivesse estado conosco. Sua inteligência impressionava e seu elevado nível cultural também. Conhecia muitos países e discorria sobre artes com muita precisão e até falava de coisas que nem sabíamos existirem.

Jaiminho, um cara um pouco excêntrico, bom observador e fantasioso, dizia com frequência que ela não era deste mundo, achávamos que era um modo de elogiar seus talentos.

Sophie participava de todas as atividades e numa das festas levou pequenos presentes para todos. Todos agradeceram sua gentileza e perguntavam: Como você adivinhou que era algo que eu desejava? Ela apenas respondia que tinha usado a intuição! Mas, Jaiminho já desconfiado pelas coincidências continuava observando!

A maior surpresa foi quando ela não voltou às aulas após as férias, e todos se perguntavam sobre o motivo: Doença, viagens ou sofreu um acidente? Um dos alunos perguntou na sala se alguém sabia seu sobrenome, endereço ou número de telefone. Ninguém sabia de nada!

— Porque não pedimos na secretaria seus dados? Indagou outro aluno.

— Boa ideia, vamos falar com Secretário, e lá foi um grupo de alunos.

O Secretário escutou atentamente e achou a situação preocupante, chamou um funcionário e lhe disse:

— Seu Roberto, precisamos os dados de uma aluna cujo nome é Sophie, os senhores aqui podem te ajudar, mantenha-me informado, por favor.

Desceram todos e em pouco tempo verificaram os arquivos da faculdade sem encontrar nenhuma Sophie, apenas uma Sofia que logo foi descartada porque quem a conhecia disse que era muito feia.

Depois visitaram as salas de aula de toda a faculdade indagando, mas sem uma foto a simples descrição de Sophie impediu que alguém se lembrasse dela ou nem a conhecia, outros brincavam dizendo que uma mulher com todas as qualidades descritas simplesmente não existia!

Uma aluna sugeriu ao desanimado grupo que todos pegassem fotos tiradas nas reuniões do semestre anterior onde Sophie com toda certeza devia aparecer. A ideia foi considerada muito boa e todos partiram para suas casas. A reunião seria retomada essa tarde por volta das dezesseis horas.

Na hora combinada e com a sala cheia se dividiram em grupos para checar cada câmera, celular ou tablet. Nova decepção parecia que Sophie nunca tinha feito parte do grupo!

Agora o silêncio era total. De repente alguém pede a palavra, era Jaiminho:


— Eu lhes disse que ela veio de outro mundo e vocês não acreditaram em mim, vai ver que ela esteve aqui só para tirar sarro de nossas caras, Ah! Mas, com certeza ela era uma extraterrestre muito linda e brincalhona! Gostei tanto dela!
                                       
E nunca mais soubemos de Sophie.



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