A IRA DO PAPAI NOEL
Sérgio Dalla
Vecchia
Lapônia,
alvorada de um dia, em dezembro de 2017.
Papai
Noel levantou-se, logo percebeu uma sensação inusitada em seu humor. Não sabia
o que era, mas era ruim. Curioso, pesquisou na internet e encontrou o
diagnóstico para os sintomas. Tristeza!
Inconformado,
encontrou o motivo dessa apatia, na retrospectiva de vários crimes hediondos,
ocorridos contra crianças.
Escolas
nos Estados Unidos, Creche no Brasil, guerra na Síria, crianças refugiadas em
caravanas de zumbis pelo mundo afora e uma iminente guerra nuclear!
Uma
lágrima escorreu pelo rosto do indignado velhinho, que com punho fechado
desferiu um golpe sobre a mesa, enquanto um grito de guerra ecoou pelas
montanhas.
Papai
Noel acabara de conhecer a Ira!
—Tenho
que agir urgentemente em proteção as crianças. -Murmurou ele.
Pensou
logo em dar uma lição nos governantes do mundo. Eles tinham de sair da
passividade para uma ação mundial conjunta.
Assim
resolveu paralisar parcialmente o empacotamento de presentes, chamando a
atenção para a causa.
Dessa
atitude denominada de greve era totalmente desconhecida na Lapônia.
Arreou as renas, e saiu voando em seu trenó pelos céus claros do hemisfério norte.
Sobrevoou
lançando panfletos, nas cidades mais importantes do mundo.
Nesses
panfletos as reivindicações eram claras:
Senhores governantes:
Exijo que parem
guerras e fabricação de armas nucleares.
Eduquem seus povos
com civilidade e fraternidade.
Quero eficiência na
manutenção da dignidade das famílias.
Cuidem dos
bullyings e do controle das armas de fogo.
Enquanto as
exigências não forem cumpridas, continuarei pelo tempo necessário com o embargo
de presentes para seus filhos.
Assinado,
Papai Noel
Assim Ele retornou ao conforto de sua casa.
Não era o alegre Papai Noel de sempre. Aquela tão
gostosa risada; Rou, Rou, Rou não era mais ouvida.
Na poltrona fez um retrospecto das suas ações,
enquanto com umas das mãos alisava a longa barba branca:
—Senti
o que é tristeza.
—Deixei
a ira me dominar.
—Aprendi
a barganhar pela chantagem.
—E
nesse momento rumino mais uma novidade, a dúvida.
Ainda
pensativo alisou novamente a barba e continuou:
—Pelas
minhas atitudes me rebaixei a um simples mortal!
—Será que não existirá mais Papai Noel!
—
Valeu a pena?
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