A ansiedade não é boa
mestra
Ana
Maria Pinto
Há muito
tempo que ela esperava ser adotada. Mas estava muito difícil, já tinha passado
da idade ideal, pais adotivos buscam um bebê que não tivesse referências
anteriores.
Isso não
acontecia com ela: tinha bem presente o que tinha sofrido quando começou a
entender as coisas e a ver que além da miséria em que seus pais viviam, era um
ambiente muito ruim com muitas desavenças e brigas que a deixavam quase em estado
de choque. As pessoas acham que crianças não entendem o que se passa à sua
volta, mas elas não só entendem como têm muita sensibilidade para avaliar a
situação.
Tinha sido
retirada da convivência com os pais e estava morando num abrigo da Prefeitura e
esperando pela adoção.
A vida não
era ruim lá, mas a espera é que tornava as coisas piores :a ansiedade era
terrível e ela ainda não sabia lidar com isso.
Até que um
dia veio para o abrigo um professor novo, com quem ela se identificou
imediatamente, parecendo que o conhecia desde sempre. Ele se interessou pela
menina e começou a dar-lhe uma atenção especial e, em breve, ficaram grandes
amigos.
O professor
conseguiu que a menina não ficasse tão presa à ideia da adoção, que deixasse
tudo fluir, tendo em mente que o que tem que acontecer acontece independente da
nossa vontade. Não mandamos nas nossas vidas, elas são determinadas por vários
fatores, que nem sempre sabemos quais são.
Assim a
menina seguiu a sua vida, mais feliz, menos ansiosa e quando menos esperava o
professor e a esposa se dispuseram a ficar com ela e fazer a adoção.
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