APRECIANDO
AS BELEZAS DO CAMPO
Oswaldo
Romano
Estava na Fazenda das Três Barras,
sentado no varandão, apreciando em agradáveis momentos o buliço da vida no
campo.
Batia um papo com o tio Chico, o
orgulhoso proprietário daquelas terras férteis, que emanavam perfume a qualquer
chuvinha.
Enquanto matutava clareando seus contos,
contados com vocabulário caipira, meus olhos corriam pelo
horizonte.
Muito perto quem dava as cartas era o
galo. Com enormes cristas vermelhas mostravam as pontas manchadas, testemunho
da sua defesa de rei do galinheiro. As galinhas disputavam sua atenção.
Envergonhadas, rodeando-o, balançavam-se ao som dos seus gargarejos.
Ele, supremo e único chefe do seu
pedaço, investido de realeza, mostrando toda sua pose, ali ciscava.
Podia
ficar horas ouvindo as gostosas palavras do tio Chico, olhando aquele chamego.
Mas, fui alertado pelos berros de
cabritos que levantavam as cabeças chamando do além, possíveis mães.
Tio Chico, admirando minha atenção,
interveio:
—Escuite, cê tá me ouvindo?
—Claro, tio.
—Tenho um segredo p’ra te dize. Wado,
dois passos depois daquele pé de Carnauba, ocê dando deis passos p’ra direita e
quinze p’ra esquerda, cavando ira descobrir uma caixa com segredos desta
fazenda.
—Tio, porque não só cinco para a
esquerda?
—Wado, tem que seguir o rituar. Ocê
enxerga lá um homem?
—Enxergo, tio.
—Então responda p’ra eu: O que pode
fazer um homem no campo a “cavá-lo”?
—Tio, eu sei. Era uma brincadeira na
escola. Se ele não cavouca, está galopando.
—Oi!
Ocê é danado da peste. Puxou seu tio...
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