ACEITA ESTE HOMEM COMO SEU LEGITIMO ESPOSO, PARA HONRÁ-LO E RESPEITÁ-LO ATÉ QUE A MORTE OS SEPARE? - OSWALDO U. LOPES

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ACEITA ESTE HOMEM COMO SEU LEGITIMO ESPOSO, PARA HONRÁ-LO E RESPEITÁ-LO ATÉ QUE A MORTE OS SEPARE?
Oswaldo U. Lopes

        Não tenho procuração da Santa Madre Igreja para discutir assuntos que lhe dizem respeito. Ela não costuma concede-las a leigos e considerando meu currículo atual, não sei se o faria.

        Por outro lado não convém negar que fui militante de Ação Católica e que participei da JUC (Juventude Universitária Católica) que mais tarde deu origem a Ação Popular. Embora tivéssemos a assistência de um padre éramos incentivados a nos manifestar e discutir os textos bíblicos do Novo Testamento.

        A Igreja católica reconhece sete Sacramentos. Dois privativos do Bispo: a crisma e a ordem. Quatro privativos do padre (batismo, comunhão, penitencia e extrema unção ou unção dos doentes), com exceção do batismo que in extremis pode ser administrado por qualquer pessoa já batizada.

        E mais um que poucos sabem é privativo dos noivos, o matrimonio, sendo o sacerdote uma mera testemunha privilegiada. É comum que os padres acabem falando demais se esquecendo dos reais celebrantes.

        Na posição de testemunha, cabe ao reverendo apenas perguntar se fulano aceita fulana como sua legitima esposa e a fulana se aceita sicrano como seu legitimo marido. No fim confirma o contrato do qual foi testemunha.

        Textos mais elaborados, como o do título representam apenas votos dos noivos que podem, dentro, é claro de certos limites, ensaiar sua veia poética e criarem textos a sua escolha.

        Muitos se arrepiam porque se lembram, e não sei de onde o tiraram, do termo obedecê-lo que seria usado pelas mulheres. Ele não faz parte da liturgia e não está determinado em nenhuma orientação ou manual.

        A religião cristã é uma continuação e derivação da judaica. Quem já foi a um casamento judaico viu e sentiu a importância que eles dão ao casamento. A festa que fazem a respeito é enorme. Ali esta assegurada a continuação do povo escolhido e a sua permanência na face da terra.

        O que se encontra na cerimônia do casamento católico, sobretudo quando é celebrada a missa, é uma passagem do evangelho de São Mateus em que os fariseus, para provocar Cristo perguntaram-lhe se era lícito ao marido repudiar a mulher. Esta passagem também se encontra no Evangelho de São Marcos.

        “Não separe o homem o que Deus uniu” ensinou o Mestre

        Note-se que naquele tempo, na religião judaica, bastava ao homem comparecer perante o rabino e por três vezes repudiar sua mulher para obter a separação (o papel, guet em hebraico, lhe dava a condição de casar de novo). A mulher era completamente ignorada. Foram necessários mais mil anos para que, entre os judeus, se passasse a exigir, para o divórcio, também o consentimento feminino.

        Jesus enfrentou duramente a Lei de Moises e o repúdio privativo do homem sobre as mulheres:

“Eu, porém, vos digo que todo aquele que repudiar sua mulher, se não é por causa de infidelidade, e casar com outra, comete adultério”.

        Recentemente Israel duplicou de dez para vinte anos de prisão a pena para o homem que se recusa a dar o divórcio. Machista paga dobrado.

        A posição de Jesus neste episódio é, pois extremamente avançada e protetora da mulher. Não é o que gostaríamos que fosse nos tempos atuais, mas isto provavelmente é mais culpa da Santa Madre do que de Jesus.

        É, mas nessa mesma missa está a carta de São Paulo aos Efésios dizendo que estejam as mulheres submissas a seus maridos, e nos não gostamos do termo. De pleno acordo, mas é preciso lembrar que ao dizer isto São Paulo, diz que os maridos devem se comportar como Jesus. Esta lá: “Cristo amou a Igreja e por ela se entregou” e mais:

“O que ama sua mulher ama-se a si mesmo. Porque ninguém aborreceu jamais a sua própria carne”.
        Nem sempre os textos das ditas Sagradas Escrituras nos agradam ou se adaptam ao tempo em que vivemos. Isso é certo e não se discute, mas muitas e muitas vezes, somos nós que não os vemos à luz do momento histórico e das circunstâncias em que as palavras foram ditas e os acontecimentos vividos.


        É bom lembrar que a Santa Madre é obra dos homens, ainda que com a ajuda de Deus, às vezes é como o trem do samba: está atrasado ou já passou.

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